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sexta-feira, fevereiro 28, 2003

Aquisições de hoje:

TRILHA SONORA DO FILME BOSSA NOVA

1 INÚTIL PAISAGEM Barbara Mendes e Eumir Deodato
2 SAMBA DE UMA NOTA SÓ Barbara Mendes e Eumir Deodato
3 MEDLEY Carol Rogers, Djavan e Eumir Deodato
- Mary Ann's Theme
- Suddenly
- Só Tinha de Ser com Você
4 SUDDENLY Claudia Acuña
5 HOW INSENSITIVE Sting e Tom
6 THE GIRL FROM IPANEMA Stan Getz, João Gilberto, Tom, Astrud
7 WAVE instrumental
8 AGUAS DE MARÇO Elis e Tom
9 QUIET NIGHTS Astrud, João, Tom, Getz
10 CHEGA DE SAUDADE instrumental
11 INÚTIL PAISAGEM Elis e Tom
12 SUDDENLY Carol Rogers
13 JUAN’S THEME Eumir Deodato
14 AMOR EM PAZ Barbara Mendes
15 SOUL MATES Eumir Deodato


Falta: uma passagem aérea pro Rio sem traficantes, chopp na Churrascaria Panorama, praia e cantada de classe


ANNE SOFIE VON OTTER MEETS ELVIS COSTELLO

1 NO WONDER
2 BABY PALAY AROUND
3 GO LEAVE
4 ROPE
5 DON’T TALK (PUT YOUR HAND ON MY SHOULDER)
6 BROKEN BICYCLES/JUNK
7 THE OTHER WOMAN
8 LIKE AN ANGEL PASSING THROUGH MY ROOM
9 GREEN SONG
10 APRIL AFTER ALL
11 YOU STILL BELIEVE IN ME
12 I WANT TO VANISH
13 FOR NO ONE
14 SHAMED INTO LOVE
15 JUST A CURIO
16 THIS HOUSE IS EMPTY
17 TAKE IT WITH ME
18 FOR THE STARS


Falta: um carro com Cd player e bons amigos dentro, uma estrada bonita e um destino incerto.


EGBERTO GISMONTI - TREM CAIPIRA

1 O TRENZINHO DO CAIPIRA
2 DANSA
3 BACHIANA
4 DESEJO
5 CANTIGA
6 CANCAO DO CARREIRO
7 PRELUDIO
8 POBRE CEGA


Falta: uma varanda em Minas, uma rede, cheiro de bolo de fubá ficando pronto, um livro.

ASTOR PIAZZOLLA Y SU ORQUESTA - DE MI BANDONEÓN

1 INSPIRACIÓN
2 TACONEANDO
3 ORGULLO CRIOLLO
4 LA RAYUELA
5 TIERRA QUERIDA
6 EL RECODO
7 DE MI BANDONEÓN
8 AHÍ VA EL DULCE
9 QUEJAS DE BANDONEÓN
10 EL DESBANDE
11 EL PILLETE
12 CHICLANA
13 VILLEGUITA
14 SE ARMÓ
15 TODO CORAZÓN
16 EL RÁPIDO


Falta: um vinho taninoso, uma paixão, uma noite de prazeres sem fim.

Bem, não se pode ter tudo, não é? Já tenho os Cd's.


"Se a realidade não se adapta aos meus sonhos, azar o dela."
(Um Pisciano Convicto)


Acordei tarde e saí correndo, atrasada que tava pra aula. Lá, meio zonza de sono, lembrava vagamente de ter sonhado com ele, de braços, boca, cheiro, pernas, tudo estranho, confuso mas real. Saí da aula, telefone no silencioso, 3 ligações não atendidas. Dele. Ué. Oi. Oi, porque não atendeu? Tava na aula. Não dava pra sair? Não, claro que não (que liberdade é essa?!). Almoçamos juntos? Pausa de espanto. É, pode ser... Te pego aí, como sempre? (Como assim "como sempre"?) Tá.

Saio boba. Devo ter dormido e ainda estar lá na aula, sonhando, babando sobre o caderno. Incrédula, arrasto meu corpo descrente e tonto até a saída e espero 10 min, tentando me convencer que foi uma alucinação auditiva, mas aí a alucinação vira visual. Ele chega, sorrindo.

Eu entro no carro, ele me beija (na boca!) meio displicente como se fosse a coisa mais normal do mundo, como se tivesse feito isso ontem e antes. Não como se fizesse meses e meses. Eu, muda. Ele dirige e pára na frente da minha casa. Vamos almoçar aqui? Claro, meu amor. Que pergunta! Desço do carro e ando ao seu lado, seguindo-o pela calaçada. Não estou entendendo nada.

Ao chegar ao meu apartamento, noto tudo diferente. Alguns móveis novos, um computador mais moderno, um roupeiro maior no quarto. O cheiro gostoso de comida está no ar. Da cozinha a empregada(?!) informa que está quase pronto. Ai, ai, ai, ai, ai. Que se passa? Ele senta-se no sofá, abre um jornal. Senta aqui comigo. Vamos ver a programação de cinema. Que tal um filme hoje à noite? Hã? É, lembra do filme que comentaste semana passada? Tá estreando hoje. Errrr, tá, he-he, tá. Que foi, Patrícia? Tá tão estranha... (sussurrando) Ficou seqüelada da noite passada, é? Depois de estarmos morando juntos há 6 meses achei que já teria dado tempo de te acostumares...mas vi que teu sono foi mesmo agitado.

Seis meses?!?! Pisco várias vezes, esfrego os olhos, vou até a cozinha, onde esbarro na empregada, e tomo água. Olho em volta e tudo igual. Ele, a empregada, os móveis. Dodô (a gata) no colo dele, íntima, ronrona.

Finalmente entendo.
Acabo de acordar de um pesadelo, do sonho ruim onde ele não me queria, onde ele não me amava e eu chorava muito e sofria muito e não conseguia esquecê-lo, onde eu tinha certeza de que não iria amar mais ninguém além dele, mas ainda assim tinha que continuar vivendo, mesmo que isso fosse o maior fardo de todos. Um pesadelo de dias a fio ouvindo as músicas mais tristes do mundo e querendo morrer. Por isso aquela sensação permanente de que estava tudo errado. Tava mesmo.

Volto para a sala, sento a seu lado, sorrio e explico. Desculpe, meu amor, é que à noite passada tive um pesadelo horrível, que parecia não terminar nunca. Ele alisa meus cabelos. Já passou. Nos beijamos.
Chiquérrimo

- Você queria reler um post antigo e não tinha saco para ficar abrindo todos os arquivos?

- Queria roubar uma idéia minha, mas não tinha idéia de onde ela estava?

- Queria ler tudo o que eu escrevi sobre a minha interessantísima gata ou todos os poemas já publicados aqui da HH?

Seus problemas acabaram!!! Chegou o super pesquisator Askhalsa!

Prosseguindo com o esforço contínuo de aprimoramento desta birosquinha querida, instalei, sob os bons auspícios e coordenação técnica à distância de Mikahil Askhalsa, um sistema de busca.

É ou não é um show? Tô me achando hooooorrrroooooooores. Não tinha divulgado antes, porque o sistema estava em testes. Agora parece que funcia. Experimentem e divirtam-se. Está aí ao lado, à direita, embaixo da webcam de Porto Alegre.

Com o sistema, dá pra revirar o baú do Have a Sit e o que rolou por aqui desde a época em que o sofá - agora um modelo high-tech com pés cromados, camurça importada impermeabilizada cor de goiaba - era um modelo chesterfield clássico.


Lembra quando você sentava neste sofazinho pra bater papo comigo? Relembre estes bons momentos,
usando o sistema de busca do Have a Sit.

Um oferecimento Organizações Askhalsa, que não te deixam na mão.

quinta-feira, fevereiro 27, 2003



Meus pensamentos estão presos
Em alguma rede
No fundo de um mar que não conheço.
Meus sentidos estão do avesso
E de nada me servem
Se o que eu quero é me soltar,
Mas se paro de lutar
E mergulho nas profundezas,
Me encontro afogada
Flutuando em calma angústia
Levada pelo turbilhão,
Cada vez mais ao fundo,
Cada vez mais indiferente
Ao mundo de ar.

Já não posso respirar,
A água me domina e sacia.
Quero desaguar, quero navegar
E naufragar,
Rebentar contra as pedras
E voltar
Pro mar.


(PAF/2001)

Como eu ando marinha, né? Deve ser a proximidade da entrada do sol no signo de peixes (que é o meu!)

He-he. Fui parar no Copy-Pasteeeee, lalalalala-lá, com o texto de onteeeeem. :) Que legaaaaal.


Os Olhos dos Poetas - Os olhos dos poetas não vêem, eles se emocionam. Mais que imagens, a retina capta emoção, sensação, memória, lembranças, associações. Os olhos do poeta não tem só a visão, são dotados dos cinco sentidos. Mário Quintana via a tarde como um tigre a espreita por detrás das venezianas, o relógio de parede como o mais voraz dos animais domésticos (já que ele conhecia um que já havia devorado várias gerações da família dele). Isso é ver? Só? Não, claro que não. Isso é fazer amor com o mundo.

Um poeta vê as coisas e se apossa e é possuído por elas, fagocita, absorve, depois, dentro da cabeça, elas se misturam e nascem de novo, virgens de mundo, ansiosas por serem usadas e abusadas novamente, por verem onde o poeta vai colocá-las agora. É isso. O poeta não vê o mundo, é fecundado por ele e depois dá a luz à poesia, que é o mundo numa outra encarnação, mais perfeita. O poeta é o céu das coisas.

quarta-feira, fevereiro 26, 2003




Vais Ficar - Vais ficar assim, dentro de mim, algo torto, meio morto, como um espinho que a pele não rejeita, cobre de tecido e com o tempo, a gente nem sente mais. Vais ficar silente e imóvel, como uma jóia perdida no mar, enterrada na areia, de resgate impossivel. Vais ficar esquecido como um poema escrito em um caderno em desuso, metido no fundo de uma caixa qualquer, dentro de uma estante no sótão. Vais ficar inerte e seco, como uma rosa prensada dentro de um diário antigo. Uma ameaça inócua e longínqua. E não vou mais lembrar de ti, e não vais mais doer, e meus olhos não serão mais fonte das lágrimas com teu gosto, e não vou mais gritar teu nome, nem amaldiçoar tua casa. Não vou calçar mais teus sapatos, meus dias não serão mais sombras dos teus sóis, não vou mais acordar à noite sentindo tua presença ao meu lado até que alguma onda revolva a terra e vomite na praia o teu tesouro, até o dia que a pele inflame e o espinho coloque a ponta para fora, até o dia em que um poema, uma música ou a vida, por qualquer circunstância, te arranque de lá e te esfregue na minha cara, para minha imensa vergonha. Então me surpreenderei com o quanto consegui me enganar e por quanto tempo.
O discurso pronto, güela abaixo:

- Sem-terra é tudo bandido, ganham as terras e depois vendem.

- Bandido bom é bandido morto e enterrado em pé pra ocupar pouco espaço.

- Funcionário público ou é marajá, cheio de regalia e com pouco trabalho, ou é corrupto, ou ambos.

- Pobre é pobre porque não quer trabalhar.

- O pessoal do PT é radical, não admite crítica e o partido é uma religião.

- O problema de São Paulo são os nordestinos.

- A polícia prende e a Justiça solta.

terça-feira, fevereiro 25, 2003

Hoje - Hoje não estou aberta a explicações, nem minhas, nem de ninguém. O dia foi consagrado às sensações e impulsos, não à racionalização. Hoje o que importa é intuir, não planejar; sentir, não pensar. Contente me abandono aos braços do dia e ele me recebe misto de mãe e berço, útero a céu aberto. Sem mais perguntas, ele me leva para passear. Não alertarei os exércitos inimigos, para que não decidam invadir minha cidade: só hoje não ofereceria resistência e ele encontraria o povo nas ruas lhe estendendo as mãos cheias de flores.
Is that you, angel-devil?

segunda-feira, fevereiro 24, 2003

LFV, de 24/02

A revista americana “Business Week” acaba de publicar uma entrevista com uma demógrafa que fez uma estimativa, a pedido do Departamento do Comércio americano, dos civis mortos na Guerra do Golfo de 91. Segundo ela, morreram 13 mil civis iraquianos durante a guerra e mais 70 mil dos efeitos da guerra na infra-estrutura do país, não incluindo as milhares de vítimas do boicote econômico que viria depois. Na época, Dick Cheney, então secretário de Defesa, dizia que era impossível avaliar o número de civis mortos. A demógrafa foi dispensada e o seu estudo desautorizado, apesar de ser apoiado pela Associação Americana de Estatística. Está no “Salon”, um bom saite para se medir o que vem por aí.

Klimt novamente - Adão e Eva e Goldenfish

Já não sou uma menina, mas ainda gosto de brincar e às vezes me flagro novamente pequena ao lado de muitas meninas, fazendo comidinhas de capim e barro, recortando guardanapinhos de papel para fazer toalha, fazendo de conta que as roupas da minha mãe são minhas.
Já não sou uma menina, mas ainda cultivo o hábito de sonhar acordada, deito e fecho os olhos e imagino como seria se meus sonhos se realizassem hoje, de que cor seria o céu, como eu estaria vestida, a expressão dos rostos dos que me cercariam.
Já não sou uma menina, mas ainda choro escondido para que ninguém conheça minhas fragilidades – que são tantas e ninguém imagina – abraçada no travesseiro, sufocando os soluços no escuro e também choro alto, como um bebê, quando sei que ninguém está por perto, aquele choro de criança machucada que alivia e deixa a cabeça latejando. Depois me olho no espelho para ver se fiquei muito inchada e vermelha.
Já não sou uma menina, mas ainda tenho medo de ter feito tudo errado, de ter sido má e burra e de tudo sempre continuar dando errado.
Já não sou uma menina, mas quero que tudo aconteça aqui e agora, de hoje para amanhã para eu não precisar ter paciência de esperar.
Já não sou uma menina, mas perco o sono na véspera de ir viajar, de começar um trabalho novo, de uma prova importante, do primeiro encontro.
Já não sou uma menina, mas tem dias que nenhuma roupa fica bem, tudo fica horroroso e o espelho conspira contra mim.
Já não sou uma menina, mas acredito que tudo vai dar certo, que vou ser sempre mais feliz, que no final tudo vai terminar bem.

Já não sou uma menina, mas a menina mora dentro de mim.
E por falar em beijo...


Minha boca na tua
é um apoderar-se
momentaneamente de tudo:
ter todas as formas,
ser todos os corpos,
conter todos os gostos,
soar em todos os tons.
É uma fugaz falta de nada,
Pouso na absoluta completude,
Toque no fim de todas as coisas.

Beijar tua boca é esvair por instantes
A matéria de que sou feita,
perder todos meus rumos,
dissolver minhas fronteiras.

Te dar um beijo é mergulhar
no umbigo do mundo.


(PAF/2003)


Estou lendo:

... e adorando. Amanhã coloco umas coisas aqui.
A capa ser O Beijo, do Klimt, é mera coincidência.
Da Série "Ditos Pelotenses":

-algariado/algariação: Um sujeito algariado é alguém que está ou é elétrico, estabanado, inquieto, barulhento. A frase clássica é a segunite: "Vamos parar de algariação!" que equivale a mandar parar com a bagunça;

-venda: mini-mercado, bolicho, pequeno armazém. Em Pelotas tem sempre um a cada 100-150m, ou seja um por quadra;

-quadra: quarteirão;

-pão de meio: pão francês de meio quilo. Sempre dava briga para ver quem ficaria com o bico.

-bico: a ponta do pão. Cada pão tem dois "bicos". Pena isso de ter havido a "evolução" para o pãozinho de 50g (que em Pelotas é cacetinho - sem risos, por favor). Agora todo mundo tem bico. Humpf.

-pão diquartiquilo: pão francês de 250g ou de um quarto de quilo.

domingo, fevereiro 23, 2003


Klimt

Adoro Gustav Klimt. O que ele pinta não deixa dúvidas a respeito da vibração com que ele via a vida. Pessoas assim me fascinam.
Ainda sobre manter portas abertas e corações nas mãos

¿Quién dijo que todo está perdido? Yo vengo a ofrecer mi corazón. Tanta sangre que se llevó el río, yo vengo a ofrecer mi corazón. No será tan fácil, ya sé qué pasa, no será tan simple como pensaba. Como abrir el pecho y sacar el alma, una cuchillada de amor. Luna de los pobres, siempre abierta, yo vengo a ofrecer mi corazón. Como un documento inalterable, yo vengo a ofrecer mi corazón. Y uniré las puntas de un mismo lazo, y me iré tranquilo, me iré despacio, y te daré todo y me darás algo, algo que me alivie un poco nomás. Cuando no haya nadie cerca o lejos, yo vengo a ofrecer mi corazón. Cuando los satélites no alcancen, yo vengo a ofrecer mi corazón. Hablo de países y de esperanza, hablo por la vida, hablo por la nada, hablo por cambiar esta, nuestra casa, de cambiarla por cambiar nomás. ¿Quién dijo que todo está perdido? Yo vengo a ofrecer mi corazón. (Fito Paez)

Surrupiado da Angie.

sexta-feira, fevereiro 21, 2003



Em Construção - Passei a vida toda na ânsia permanente de aprender, experimentar, absorver, fagocitar. De comida, cultura, sensações, lugares, línguas, músicas, filmes, livros, pessoas a valores, princípios, sentimentos, tudo para escolher criteriosamente do que eu me construiria, a que eu seria permeável e aderente, quais seriam meus alicerces, minhas colunas, minhas vigas, paredes e como eu me decoraria, quais seriam os meus tapetes, meus quadros, meus lençóis, cortinas, de que cor seriam meus cômodos, que plantas cresceriam viçosas dentro de mim, quais as que se adaptariam às minhas condições climáticas, se o melhor seria uma piscina ou um gazebo. Hoje olho do que me fiz e no que resultou meu esforço e fico feliz. Acho que aproveitei bem todos os materiais, mesmo as pedras, o aço, o concreto foram úteis e necessários. A obra está e sempre estará inacabada, mas fico satisfeita de ter levado a vida toda para me tornar o que sou hoje. Eu me habito com satisfação e espero a hora de abrir novamente as portas para dividir esse pouco do muito de tudo de que sou feita.

quinta-feira, fevereiro 20, 2003

Domingo - Quando a gente está apaixonado parece que todo dia é domingo. Domingo no bom sentido, de eternas férias, não de último dia de final de semana, já que apaixonado a gente tem aquela tendência de ver as coisas da maneira mais condescendente possível - quando não da maneira mais irreal possível.
Tem uma música do Henry Salvador que eu adoro, Il Fait Dimanche, que diz assim: Il fait dimanche et tous les jours...a chaque fois que tu souris c'est la revanche de l'amour sur le temps qui passe sans bruit. É isso. Sempre domingo. A cada sorriso.
Dos prazeres secretos que ser mulher proporciona



Assim como ser mulher tem suas desvantagens - e não vou enumerá-las aqui, até porque não sou a mais indicada para fazê-lo, uma vez que, se pudesse escolher, nasceria fêmea novamente – tem suas muitas vantagens e prazeres. Um deles é poder ser cruel com a cara mais meiga do mundo. Gays, especialmente homens, sabem ser cruéis e muito mais cruéis que as mulheres - é verdade, qualidade, aliás, adimirável - mas não conseguem fazer cara de meigo ao mesmo tempo. Mulher não, mulher usa a crueldade mais atroz e pode permanecer imaculada, elegante, angelical. Uma destas crueldades mais deliciosas pode ser exercida ao encontrar a atual do seu ex. Bem, as circunstâncias têm que colaborar, claro.

Pois bem, imagine a cena: você, super bem arrumada, elegantérrima – como aliás, acontece amiúde - encontra a atual do ex, desarrumada e mulambenta – um paninho de chão, na descrição precisa e venenosa de Grazi, a esfuziante – sem o seu ex, o que mais favorável, pois está completamente desprotegida. Para melhorar, ela não sabe que ele foi seu ex, acha que vocês só se conhecem no sentido não bíblico. Pobrezinha.

O que você faz? Ora, você é doce, simpática, sorridente e... amiga, claro. Primeiro você se faz um pouco de coitada, fala mal da vida, para ela poder se identificar. Depois, trocam figurinhas, informações preciosas, o que eles andam fazendo, os problemas que têm, como ela anda se sentindo, essas coisas. Se você fizer tudo direitinho, ela vai ter te achado um amor, linda e elegante, um modelo a ser seguido. Quase sua melhor amiga. Vai até dar o abraço que você mandou para ele.

O que isso tem de cruel?! Ora, ela vai falar de você para ele, e vai falar mmmmuuuuuuiiiiiittto bem. Ele vai sentir o calo doer, afinal, perdeu uma mulher de quem até a namorada dele fala bem e vai ficar com aquela pulguinha atrás da orelha: “será que ela não falou nada de nós? Mal de mim, quem sabe?” Além disso, pense na cara dela assim que descobrir (e um dia ela vai descobrir, nem que seja através do seu ato de última vontade) que você é “aquela ex”. Pensou? Pois é.
Por estas, e por outras, é que ser mulher é uma delícia.
Trilha Sonora - Por sugestão do Henrique, a trilha sonora oficial do Have a Sit a partir de hoje é Bachiana n.º5, Villalobos. Que bom gosto, não é?
Copy-Paste - Monsieur Ratapulgô passou por aqui novamente e levou o texto do Mar.
Obrigada São Ratapulgo, por mais esta graça alcançada. :)

quarta-feira, fevereiro 19, 2003

Eba! Temporal de novo!!


Chuva sobre Porto Alegre. Muita água despencando do céu, tempestade de verão, com direito a raios, trovões e chuva tocada a vento. Adoro.

Adoro tempestades desde criança. Minha mãe ficava impressionada com isso. Na verdade até hoje as pessoas acham que eu sou meio abilolada das idéias. Onde se viu gostar de tormenta? Eu gosto ué. Gosto muito. Lembro da minha infância, de quando tínhamos uma babá muito querida que morria de medo de temporal e tinha umas superstições esquisitas. Prenunciava-se o mal tempo e ela corria cobrir os espelhos com toalhas, fronhas, lençóis brancos, já que destapados atrairiam raios, morreríamos todos torradinhos da Silva. Também não deixava que ninguém segurasse objeto algum de metal. Agulhas de costura ou tesouras eram as mais perigosas. Suponho que, porque pontudas, funcionariam melhor como pára-raios, ou chupa-raios, que era o que eu pensava na época. Hoje ninguém nem tem mais agulha de costura em casa. São animais domésticos em extinção, como diria o Quintana.O fato é que achava tudo aquilo o maior barato. Para melhorar, nesses episódios era também muito comum faltar luz: a casa no escuro, com aquele monte de panos brancos cobrindo cômodas, espelheiras, espelhos refletindo os raios, adquiria um clima fantasmagórico, uma luminosidade azulada. Parecia tudo meio mágico.

Hoje saí do trabalho e andei um pouco na chuva – não tanto a ponto de o motorista da lotação me impedir de entrar. Quando já estava a caminho de casa – surpresa – no cobertor lilás do céu apareceu um rasgo e, por ele, espiou o sol. Aquela chuvarada e o sol dando o ar da graça, espichando o olhar sobre a cidade, me piscando cúmplice de final de tarde. Olhei pela janela e sorri. Sabia o que poderia estar prestes a acontecer.

Quando desci da lotação, olhei 360º em volta e – bingo – estava lá, um imenso arco-íris, completinho, sem faltar pedaço nenhum. Fiquei parada na esquina, maior aguaceiro e eu parada. No meu cdman, Elis dizia “Pra quê tanto céu, pra que tanto mar, pra quê?De que serve esta onda que quebra e o vento da tarde, de que serve a tarde?Inútil paisagem...pode ser que não venhas mais, que não voltes nunca mais...de que servem as flores que nascem pelos caminhos se o meu caminho sozinho é nada?" E eu completei De que serve o arco-íris? Serve sim, deu um calorzinho bom no coração, como se tudo aquilo tivesse sido arquitetado em nossa homenagem. Quem passava não entendeu nada. Não importa. Ganhei a tarde.
IMH Indicador Musical de Humor): How Deep is the Ocean, Diana Krall
INIBA (Índice de Intolerância com a Burrice Alheia): 87,6%


Dentro de mim tem um mar.
Se observo a superfície, tudo é inconstância, agitação, altos e baixos, mas se mergulho um metro, encontro um mundo de silêncio e calma, um universo novo e distante, cheio de peixes, anêmonas, moréias, corais, algas, reentrâncias e cavernas habitadas por estranhos seres desconhecidos. Alguns deles venenosos, outros predadores vorazes, outros ainda assustadores mas inofensivos.
Dentro de mim há profundezas e alguma escuridão e às vezes me perco ao seguir um polvo ou uma tartaruga. Quando dou por mim, encontrei mais um lugar que não conhecia e passo a explorá-lo com curiosidade.
Dentro de mim há novidades e surpresas e as cores que encontro me surpreendem e emocionam. Dentro de mim há vida, sob todas as formas: desde as mais elementares, organismos unicelulares e simples, até grandes mamíferos gigantes, de cauda possante. Entendê-las, todas, é um desafio de todos os dias, a cada mergulho.
É bom saber que dentro de mim tem um mar. Quando me canso do fora de mim, fecho os olhos e mergulho de volta no meu mundo secreto.

terça-feira, fevereiro 18, 2003

Picasso


Traços completamente diferentes do mesmo gênio.
O da esqueda, embaixo, Mulher e Minoutauro, foi um dos que mais gostei. Acho que a expressão dela tem tudo a ver comigo - modéstia à parte, como sempre.


Fui no Santander Cultural à tarde visitar o vizinho transitório, Picasso. Lindo.
Um Picasso de bordéis, mulheres lindas, vulvas, falos, Degas, Minotauros, faunos, escultores. Uma gravura em que aparece o artista segurando a própria obra, uma delicadeza só.
Por vários motivos, saí de lá muito mais feliz.
Deu pra bricar de estar em Paris e tudo. Pena não estar mesmo, longe de todos os olhos- que como as figuras cubistas, parecem olhar em todas as direções ao mesmo tempo- e aí poder fazer tudo que desse na telha.
Um tarde bonita. Como há muito não. Tomara que agora se repita sempre.
Já sinto saudades de Paris do faz de conta.
Tem dias que eu queria pegar o mundo pelo colarinho e gritar bem alto, fazendo os cabelinhos dele voarem pra trás, como nos desenhos animados: “- NÃO FODE!”, coisa que eu não diria nunca, não sou de dizer palavrão, mas nestes dias isso me traria uma calma inesperada.

Num desses dias, cheia da cara sem motivo com tudo e todos - pois afinal a minha vida é, claro, uma bênção se comparada com outras, pois tudo sempre pode ser infinita e cruelmente pior, como catolicamente sempre fomos ensinados a pensar - saí mais cedo da gaiola-escritório, peguei a linha 255 na Uruguai e desci no Gasômetro.

Assim que pus os pés na calçada, o rio me olhou com espanto. Tirei os sapatos e senti o concreto áspero sob a pele fina do animal doméstico, criado em regime de confinamento. Senti a dor das pedras e a imemorial desagradável sensação da sujeira, progressivamente aderindo à pele. Sempre tive pesadelos em que andava descalça e o desconforto era duplo: a vergonha de andar descalça, onde todos estavam calçados e o nojo por sentir os pés cada vez mais sujos. Enquanto seguia minha trilha acidentada pela calçada que me levaria à beira do rio, não pensava em mais nada a não ser como evitar as pedras e as sujeiras, os chicletes, as baganas de cigarro, os restos de comida, os cacos de vidro. Mas aí percebi que o meu esforço de libertação estava sendo mal conduzido. Se era para me libertar das jaulas do dia-a-dia, fodam-se – devia sim, usar palavrão - as pedras e as sujeiras, tinha que agüentar firme e manter o olhar no meu objetivo, o rio. Foi o que eu fiz, não sem receio ou asco, mas fiz. Levei bem menos tempo que se tivesse optado pelo percurso com desvios estratégicos.

Cheguei à beira do rio e sentei no chão, ao lado de um banco. Chão úmido, calça suja. Merda.

Depois pensei que felizes daqueles que dão tão pouca bola para os outros, o mundo, as coisas, que sentam no chão sujo e molhado e nem pensam na calça que vai ficar imunda. Saudades de ser criança.

Melhor voltar para casa, lavar os pés, botar Band-Aid, pôr a calça de molho.

Quantas vezes ainda vou ter que andar descalça e sentar em chão molhado até notar que não tem mais jeito, sou um animal que não pode mais viver longe do cativeiro?

segunda-feira, fevereiro 17, 2003

Siempre empezó a llover
en la mitad de la película,
la flor que te llevé tenía
una araña esperando entre los pétalos.

Creo que lo sabías
y que favoreciste la desgracia.
Siempre olvidé el paraguas
antes de ir a buscarte,
el restaurante estaba lleno
y voceaban la guerra en las esquinas.

Fui una letra de tango
para tu indiferente melodía.


(Julio Cortázar)

A flor que te levei tinha uma aranha esperando entre as pétalas.
Que coisa, hein?! Hoje tá servindo como uma luva.

Capturado, com a maior cara de pau, do Loop.
Não Percam! - Ai, Não!!! Mil vezes não! Isso é podre de querido: nos meus novos comments, quando abrir a janela pra escrever, clique no "Emoticons Help", do lado esquerdo da janela. Não dá pra explicar. Só vendo. Quase tive um troço de tanto rir.
Grazi, pra ti, ó:

Comentários II - a terceira tentativa
Instalei mais um sistema de comentários (No comments), que aparece logo ao lado dos comentários antigos (Sente-se e dê sua opinião). Podem usar o que estiver funcionando. O que abunda não falta.
Comentários - Faz três dias que os comentários nã funcionam. Isso é o fim da picada. Será que eu vou ter que partir para o TERCEIRO sistema?

domingo, fevereiro 16, 2003

IMH: O que mais? King of Pain, Police
INIBA: deixamos de informar devido à pane do inibômetro


"-Resolvemos reunir o grupo pra tocar no post de domingo da Tícia e decidimos trocar o nome da música para Queen of Pain, em homenagem a ela."
I have stood here before in the pouring rain with the world turning circles running 'round my brain
I guess I'm always hoping that you'll end this reign, but it's my destiny to be the king of pain


Depois que as coisas passam e conseguimos tomar distância do que aconteceu, fica fácil perceber o que deu errado, o que deveríamos ter feito, como deveríamos ter agido, os riscos de deveríamos e os que não deveríamos ter corrido. Mas daí já foi. Tudo que dá para fazer é compromenter-se: "nessa lama eu não me afundo mais".
Então a vida segue e novamente estamos lá, no meio do turbilhão, os fatos nos atropelando, a gente se afundando no mar de sentimentos, sensações, desejos, culpas, tentando tirar a cabeça pra fora d'água e respirar, o alarme do tempo esgotado soando, as escolhas nos colocando contra a parede e nos chacoalhando pelo colarinho e tudo que a gente consegue ouvir é aquela vozinha dizendo "isso já aconteceu aaaannnnnteeeeeees...". Bingo. Essa foi fácil.
Fácil nada.
As circunstâncias não eram as mesmas, eram só aparentemente as mesmas.
Piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii.
Aposta errada.
De novo.
Moral da história: viver não é aprender, é experimentar, se estrepar e voltar a ter coragem de experimentar de novo e de novo e de novo.

Mas depois de ter ouvido Police hoje à tarde, sei lá, tô meio ressabiada.

sábado, fevereiro 15, 2003

Enquanto isso na página do Haloscan (meu sistema de comentários)

Latest News:
Server Work in progress
We're doing some work on the server and will have the site restored soon. Thanks for your patience.


Patience a PQP. Que nojo!

O pior é que eu já tinha trocado para o sistema do Blackblog, mas também deu crepe. Vou me matar.
Estudo - Muito bem, muito bem. Hoje é dia de estudo. Nada de organizar gavetas, fazer a sobrancelha, ir caminhar, limpar a geladeira, passar roupa, dar banho de creme no cabelo. Nada dessas desculpas peneira, de tão furadas, pra não estudar. Principalmente nada de Posts até às 20h. Prometo.
Antes que eu esqueça: prometo à Nossa Senhora do Estudo que não Rende que se eu conseguir render nos estudos hoje, acendo uma vela pra ela. Mesmo.

sexta-feira, fevereiro 14, 2003

Dia de São Valentim - Valentine's Day


Tá, é uma data americanóide. Mas dia de namorado é sempre uma data importante. Este ano não recebi nadinha, nem um e-mail. Não há de ser nada. Dias piores virão (como diz Facelo, o irmão n.º1).

Em homenagem a data, meu IMH (Indicador Musical de Humor) é My Funny Valentine, Ella Fitzgerald. Afastem as bolachas Maria, pra evitar que eu faça uma besteira e corte os pulsos com elas. Ella é de matar (a si mesmo).

Meu INIBA (Índice de Intolerância com a Burrice Alheia), de hoje é separado por sexo:
- Quanto aos homens, 100% (Gente, só burrice explica o porquê de eu estar sem namorado, né?);
- Quanto às mulheres, 56%;

MY FUNNY VALENTINE

My funny Valentine
Sweet comic Valentine
You make me smile with my heart

Your looks are laughable
Unphotographable
Yet you're my fav'rite work of art

Is your figure less than Greek
Is your mouth a little weak
When you open it to speak
Are you smart?

But don't change a hair for me
Not if you care for me
Stay, little Valentine, stay
Each day is Valentine's Day

My funny Valentine
Sweet comic Valentine
You make me smile with my heart

Your looks are laughable
Unphotographable
Yet you're my fav'rite work of art

Is your figure less than Greek
Is your mouth a little weak
When you open it to speak
Are you smart?

But don't change a hair for me
Not if you care for me
Stay, little Valentine, stay
Each day is Valentine's Day

Uma outra vida é possível

Se eu fosse trocar a minha vida por uma de personagem de filme, eu gostaria de ser...

... Anna (Juliette Binoche) em Perdas & Danos, pra transar pela primeira vez com o pai do meu noivo (Jeromy Irons) daquele jeito, que seria gélido, se não fosse a carga elétrica subentendida naquela calma cheia de desejo;

... Clarice (Jodie Foster) em O Silêncio dos Inocentes, para estar frente a frente com o Dr.Lecter (Antony Hopkins), ouvir ele dizer que perfume eu estava usando ontem, passar o maior medão do mundo e não saber ao certo se era medo mesmo;

... Vivian (Julia Roberts) em Uma Linda Mulher, para ser tirada das ruas por um bilionário (Richard Gere), ser levada de jatinho à opera, fazer compras com um cartão de crédito sem limites em Rodeo Drive, transar em cima de um piano e depois ser pedida em casamento por alguém dentro de uma limousine branca com um guarda-chuva na mão;

... Margot (Isabelle Adjani) em A Rainha Margot, para ser a única com cara de limpa e banho tomado em plena Paris do século XVI e ser...bem... a Isabelle Adjani;

... Amelie (Audrey Tautou) em O Fabuloso Destino de Amelie Poulain, para ter aquele corte de cabelo, aquelas idéias geniais, morar em Montmartre e encontrar minha cara metade no metrô de Paris;

... Heloísa (Kim Thomson) em Em Nome de Deus, para viver uma das mais belas histórias de amor de todos os tempos com Abelardo;

... Catherine (Sharon Stone) em Instinto Selvagem, pra matar todo mundo do coração com aquela cruzada de pernas;

... Kate (Cate Blanchett) em Vida Bandida, pra mandar a vida de dondoca-dona-de-casa e o marido idiota às favas e virar assaltante de banco com dois namorados ma-ra-vi-lho-sos;

... Rosalba (Lucia Maglietta) em Pão e Tulipas, pra me mudar pra Veneza, me apaixonar de novo e ir trabalhar em uma floricultura;

... Buu em Monstros S/A, pra entrar no armário do quarto, me transportar pro mundo dos monstros e ser cuidada por Sully e Mike Wazowski;

... Madeleine (Kate Winslet) em Contos Proibidos do Marques de Sade, pra conhecer Sade pessoalmente;

... Mulher-Gato (Michelle Pfeiffer) em Batman, pra usar aquela roupa, ter aquele corpo e dar aquela lambida;

... Séverine (Catherine Deneuve) em A Bela da Tarde, pra ser uma prostituta nas horas vagas - com aquela classe, lógico;

...Elisabeta (Winona Ryder) em Drácula, pra ser amada pelo conde Vlad durante séculos e levar aquela mordida;

... Lydia (Rosario Flores) em Fale com Ela, pra ser um personagem do Almodóvar, ser toureira e entrar na arena com a Elis cantando Por Toda a Minha Vida de trilha sonora;

... Morticia (Anjelica Huston) em A Família Adams pra usar aquele figurino, ter aquele cabelo e aquela família;

... Frankie (Michele Pfeiffer) em Frankie e Johnny, pro Al Pacino se apaixonar por mim, ligar para uma estação de rádio e pedir uma sinfonia em minha homenagem.





Idéia gentilmente copiada do Zazoeira.
O Máximo - Gentem, como diria Manny, tô bege! O Ratapulgo, do Copy-Paste, blog que se dedica a selecionar os textos mais interessantes de blogs, copiou e colou um texto daqui!! Não é o máximo?! Eu, Ticinha, no I-Reality Xou!! Tô insuportável.
Quanto aos boatos de que eu, a exemplo do Henrique, ando mandando presentinhos pro Ratapulgo, tenho a declarar que: A INVEJA É UMA MERDA, tá?
Agora falando sério: visitem o Copy-Paste. É muito legal. Dá até pra votar no melhor texto. Tem um sobre o Lula, (Presidente), de morrer de rir. Perfeito.
Comentários - Que fim levaram os meus comentários do Blogextra?? Coloquei outro sistema de emergência, provisório. Vamos ver se eu descubro o que houve com os outros. Shit happens.

quinta-feira, fevereiro 13, 2003


A ilógica do impassível
Me faz companhia.
Enquanto a vida passa na retina
E do céu desabam
Impossibilidades e hipocrisia,
Minha boca se ocupa dos gerânios
E dos meus olhos se ocupa o tigre
Tentando imprimir-lhes
O tom cinza dos enganos.

Não se trata de impermeabilidade
Ao impossível do mundo lógico.
Trata-se pura e cinicamente
De indisposição para reter
O que não interessa
Aos meus absurdos propósitos:
Ficar viva;
Alimentar os gerânios;
Acariciar o tigre com os cílios;
Proteger a cabeça das impossibilidades;
Manter um nível suportável de apatia.

(PAF/2003)

É um daqueles dias em que eu tenho vontade de pedir para o mundo parar e eu descer. Tô precisando de férias urgentes de mim mesma. Passar um tempo no corpo de outra pessoa, de vida mais banal e apática, aquela coisa casa-trabalho-casa-jornal nacional, aquela vida que todo mundo que tem quase morre de tédio e sonha em ser espião, pular de pára-quedas, virar a mesa, mas nunca tem coragem e segue passando margarina no pão light, sabe? Pois é. Queria aquilo. Uns 6 meses. Depois iria adorar ser eu de novo. Eu estou precisando descansar um pouquinho, só um pouquinho. Eu sei que meu desejo para o ano novo sempre foi muitos frios na barriga. Achei que agüentaria o tranco 24h por dia, 7 dias por semana e ia tirar de letra. Mas cansa. Ô, se cansa! Mas verdade seja dita: entre a vida margarina no pão light definitiva e a samba do crioulo doido, fico aqui, abraçada no crioulo. Um dia a coisa acalma. Ou não.

quarta-feira, fevereiro 12, 2003


Copyright © 2001-2003 Gilberto Simon All rights reserved

Mais Mercado Público - é lindo, né?

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Mercado Público de Porto Alegre

Banca 40 - Sou o que se pode chamar de portoalegrense tardia, porém legítima. Nasci aqui, mas me tornei pelotense por força das circunstâncias. Só readiquiri minha "naturalidade" portoalegrense há 7 anos e me apaixonei pela cidade, perdidamente. Dentre os fatores que me levaram a este estado especial de alma está a Banca 40 do Mercado Público. Quem já provou o caldo de frutas (que é um sub-produto da salada de frutas), a salada de fruta com sorvete ou nata, a Bomba (taça de sorvete e frutas) ou comeu morango com nata (na verdade nata com morango) sabe do que eu estou falando. Mas o que eu acho o maior barato na Banca 40 e em todas, ou quase todas, bancas do Mercado, é o clima de 1950. Eles embrulham as compras em papel pardo e amarram com barbante em forma de cruz. Isso não tem preço.
Hoje minha admiração pelo pessoal da Banca 40 cresceu ainda mais. Como não tenho tido tempo de almoçar, descobri que eles tem um sanduíche com pão de linho, requeijão light e chester que é uma delícia e tenho passado por lá (fiz isso três vezes contando a de hoje) pra comprar. Hoje um senhor que trabalha lá há milênios, ao me atender, perguntou se era o de sempre. Eu, pasma/incrédula, respondi que sim e ele sabia direitinho o que era. Das duas uma: ou só eu como o tal sanduíche, ou o velhinho conserva o bom atendimento da época em que Porto Alegre era uma cidade menor e mais cortês (o que eu acho mais provável) e ao atender uma pessoa, cultiva o hábito - em extinção - de olhar pra ela. Adorei.

Este é o Lucas. Fofo, né?

Lucas, Célia e Luiz - A Rossana do Wumanity, contou há duas semanas no blog dela o caso de uma família em precárias condições de vida . Ela decidiu ajudar e a ela foram se juntando várias pessoas, a ponto da situação já ter melhorado muito. Uma dessas pessoas doou uma tela para ser leiloada e os recursos serem destinados a esta família. Pra quem quiser colaborar, vai o link do site que está organizando o Leilão. Pra quem quiser saber mais da história e ajudar de outro jeito, clique aqui ou no endereço abaixo do link, que é o blog da história do Lucas.

terça-feira, fevereiro 11, 2003

Mosaico - Às vezes vem essa coisa de querer tudo e não querer nada, de precisar traçar a meta que seja definitiva e única, pra ter em que se concentrar e parar de oscilar de objetivos e de humor. Pode ser a carreira, ou o estudo, ou achar (esquecer) alguém, mas também sei que nada disso funciona. Ali, depois da próxima esquina, vou entender pela milésima vez que eu sou composta de vários pedaços e que cada um deles quer tomar uma direção diferente e ir atrás do que lhe cabe. Então vou ficar sendo arrastada pra um lado e outro, conforme a força preponderante momentânea de algum pedaço.

Mas que merda! Será que não dá pra bater tudo no liquidificador e depois fazer um outro eu homogêneo?

Não, não dá. Melhor. Ser um grande mosaico de cacos de coisas distintas tem lá seu valor. Como o que? Não vem ao caso. Hoje o pedaço predominante não tá “afins” de entrar em detalhes.

segunda-feira, fevereiro 10, 2003

Minha primeira Porto Alegre foi a da Av. Borges de Medeiros e seu viaduto. Antes teve a Botafogo esquina Praia de Belas, mas eu era bebê e não lembro de nada. Meu avô paterno tinha um bar entre a Fernando Machado e a Washington Luiz. Morávamos em Pelotas e fomos visitá-los. Ali respirei os ares da capital e não consegui dormir por causa do excessivo barulho noturno - o apartamento era em cima do bar, num prédio que está lá até hoje. Lembro pouco, tinha uns 4 anos, mas o cheiro da Borges, o cinza do viaduto, a grandiosidade dos arcos e a imponência das estátuas que me faziam ainda menor na comparação com a cidade tão grande, não esqueci jamais. Lembro do medo de me perder. Muitos anos mais tarde já casada, passando por lá, senti o mesmo cheiro, a mesma sensação de desproteção e medo. Voltei 20 anos no tempo. É um dos lugares mais portoalegrenses de Porto Alegre.



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O Viaduto da Borges.
Oração dos estressados

Senhor, dê-me serenidade para aceitar as coisas que não posso mudar,
a coragem para mudar as coisas que não posso aceitar,
e a sabedoria para esconder os corpos daquelas pessoas
que eu tive que matar por estarem me enchendo o saco.
Também me ajude a ser cuidadoso com os calos em que piso hoje,
pois eles podem estar conectados aos sacos que terei que puxar amanhã.
Ajude-me, sempre, a dar 100% no meu trabalho...
12% na segunda-feira,
23% na terça-feira,
40% na quarta-feira,
20% na quinta-feira,
5% na sexta-feira.
E... Ajude-me sempre a lembrar,
quando estiver tendo um dia realmente ruim
e todos parecerem estar me enchendo o saco,
que são necessários 42 músculos para socar alguém
e apenas 4 para estender meu dedo médio e mandá-lo para aquele lugar...
Que assim seja!!!


(Luís Fernando Veríssimo)


O texto é atribuído ao LFV, mas sabe como são essas coisas que circulam pela internet, né? Mesmo assim eu gostei tanto que resolvi por aqui.
Da série Ditos Pelotenses -

"Tirar": Em Pelotas a gente não "cursa" nem "faz" faculdade ou curso nenhum. Lá, pelo menos para os mais velhos, a gente "tira". Ex.: Fulaninha está tirando medicina. Ou melhor, mais de época: Maria Alice tirou o normal. (Normal era magistério). Inacreditável, mas é verdade. Juro.
Help - Ai minha Nossa Senhora do Estudo que não Rende, me ajude a desempacar.

domingo, fevereiro 09, 2003

Porto Alegre - 24h - Agora, à direita, imagens de Porto Alegre 24h/dia. Coloquei um link para uma página que tem webcam.
Um gato - Um grosso manto lilás está cobrindo Porto Alegre e o cheiro de terra molhada já se faz sentir. Não demorará muito até que a chuva molhe a terra, encha o rio, lave o céu e traga o azul, como na música do Tom e Edu que eu gosto tanto. O domingo se arrasta manso e pesado, quente como um grande gato gordo que não suporta andar com o mesmo casaco de pele, inverno e verão. O domingo estica o pescoço e recebe uma brisa de chuva, pequeno e bem-vindo alívio.



Mais fotos aqui.

sábado, fevereiro 08, 2003

IMH (Indicador Musical de Humor): Un Vestido y un Amor, Fito Paez
INIBA (índice de Intolerância com a Burrice Alheia): 26,7%



O Poeta Inventa Viagem,
Retorno e Morre de Saudade

(Hilda Hilst)

Se for possível, manda-me dizer:
- É lua cheia. A casa está vazia -
Manda-me dizer, e o paraíso
Há de ficar mais perto, e mais recente
Me há de parecer teu rosto incerto.
Manda-me buscar se tens o dia
Tão longo como a noite. Se é verdade
Que sem mim só vês monotonia.
E se te lembras do brilho das marés
De alguns peixes rosados
Numas águas
E dos meus pés molhados, manda-me dizer:
- É lua nova -
E revestida de luz te volto a ver.

(Júbilo Memória Noviciado da Paixão, Ed. Globo, 2002)

Pelados pela paz


A notícia está na BBC.

Mais de 700 mulheres, completamente nuas, fizeram um protesto hoje na Austrália.
Meu amigo Mika também noticiou um protesto de peladas no Central Park, com neve e tudo.
Não se tem notícia de que a polícia tenha dispersado o protesto a golpes de cassetete e espada.

sexta-feira, fevereiro 07, 2003

Chuva, cinema - Saí do banco hoje e não tinha vontade de ir pra casa. Não tinha ninguém me esperando, ninguém pra ligar e dizer que ia atrasar. Chovia bastante e eu sem guarda chuva. Paciência. Decidi ir para o cinema assistir O Filho da Noiva. No caminho, olhava a chuva pela janela. Parecia que não tinha mais ninguém na rua, era só eu, a chuva e carros cenográficos comandados por controle remoto com bonecos dentro.
Cheguei no Unibanco Arteplex - que eu ainda não conhecia e, no meio daquelas trezentas cadeiras vazias, sentei. Sim, só eu no cinema. Eu e as cadeiras. Sozinha. O filme está em cartaz há tempo, logo será substutuído. A sensação foi boa. Eu, o filme e o vazio ao redor. Parecia encomendado.
O filme é excelente. Hector Alterio dá um banho, Norma Aleandro e Ricardo Darín também. Daqueles filmes (os bons) em que cada personagem tem um pouco da gente.

quinta-feira, fevereiro 06, 2003




The Best of Radical Chic (com comentários da Ticia) :

"Dizem que estou ficando amarga, enjoada, ácida, sem graça.
Não é verdade. É só colocar limão, adoçante, sexo, gelo, brilhantes e mexer
gostoso que eu fico maravilhosa!
" (a minha preferida)

"Faço dieta americana, uso produtos franceses, malho com um personal
neozelandês, faço localizada com uma russa, e não adianta. Não consigo
diminuir essa bunda brasileira."
(ainda bem!)

"Terminei com o Betão. A gente se entendia superlegal, gostava das mesmas
coisas, tinha tesão um pelo outro, se tratava com carinho, detestava o cinema
iraniano... mas faltava conflito, entende?"
(Conflito é essencial, como diria Wilde,
"Nada mais insuportável que muitos dias de felicidade contínua"
)

"Certas dietas são simples. É só cortar açúcar, frituras, massas, molhos,
bebidas alcoólicas, pães, biscoitos... e os pulsos."
(Sempre que vejo alguém
ir a um restaurante de massas e pedir só uma salada, fico com vontade de
perguntar se não quer também uns milhos, pra ir se ajoelhar no canto enquanto
come
.)

"Faço meditação, aeróbica, judô, musculação. Jogo xadrez, vídeo game, King e
batalha-naval. Estudo antropologia, física quântica, matemática e
arqueologia. Escalo montanhas, faço vôo livre, salto de pára-quedas. Leio,
escrevo, toco piano, pinto e bordo. Ufa!!!!! O que a gente não faz para
compensar a falta de sexo gostoso..."
(Tá me faltando tempo. Inscrições abertas
para quem quiser me ajudar a reduzir atividades e concentrar no que interessa
)

"E aí a gente vai sair daqui, vai para um motel, aí vai transar, aí vai
querer de novo, aí eu me apaixono, aí você vai dizer que não quer
compromisso, aí eu vou achar você um babaca, aí a gente vai brigar, aí eu
vou te odiar... Tem certeza de que ainda quer saber o meu nome?"

(Melhor nem comentar, né? Vá que não apareça candidato pra me ajudar
na tarfefa do parágrafo anterior!
)

quarta-feira, fevereiro 05, 2003

1947 Berna - Suiça - Carta de Clarice Lispector a uma amiga

"Não pense que a pessoa tem tanta força assim a ponto de levar qualquer espécie de vida e continuar a mesma. Até cortar os defeitos pode ser perigoso - nunca se sabe qual o defeito que sustenta nosso edifício inteiro...há certos momentos em que o primeiro dever a realizar é em relação a si mesmo. Quase quatro anos me transformaram muito. Do momento em que me resignei, perdi toda a vivacidade e todo interesse pelas coisas. Você já viu como um touro castrado se transforma em boi. Assim fiquei eu...Para me adaptar ao que era inadaptável, para vencer minhas repulsas e meus sonhos, tive que cortar meus grilhões - cortei em mim a forma que poderia fazer mal aos outros e a mim. E com isso cortei também a minha força. Ouça: respeite mesmo o que é ruim em você - respeite sobretudo o que imagina que é ruim em você - não copie uma pessoa ideal, copie você mesmo - é esse seu único meio de viver. Juro por Deus que, se houvesse um céu, uma pessoa que se sacrificou por covardia ia ser punida e iria para um inferno qualquer. Se é que uma vida morna não é ser punida por essa mesma mornidão. Pegue para você o que lhe pertence, e o que lhe pertence é tudo o que sua vida exige. Parece uma vida amoral. Mas o que é verdadeiramente imoral é ter desistido de si mesmo. Gostaria mesmo que você me visse e assistisse minha vida sem eu saber. Ver o que pode suceder quando se pactua com a comodidade da alma".
Clarice.


Fico feliz de ver que não pactuei com essa comodidade e não deixei que a patrícia de antes engolisse a de agora.




Estou em época predatória:
Enorme dragão de suntuosas tetas,
Faminta de vida, sangue, presas,
Garras fortes, cauda potente,
Devorando o mundo
e a mim mesma.
Predadora e presa,
Fome extrema,
Autofagia,
Nada me sacia,
Estou sedenta do infinito,
De um grito, de um mar,
De mil luas encobertas,
Faminta de me ser
Me sabendo em mim,
Devorando meu rabo,
Rasgando minha carne
Para descobri meu gosto,
Meu suco, meu sangue.
Cravar as garras em minha pele
E me escalar pelo avesso,
Viver meu cio,
Me cobrir, me emprenhar,
E depois parir a mim,
Ressuscitar.


(PAF, out/2001)


A imaginação (infelicidade/ veneno/ doença) humana não tem limites- Tenho uma história pra contar. No reveillon passado, como noticiado neste blog, fui pra Torres com minha irmã mais nova, Paula, também conhecida e referida aqui como Laupinha.

Ficamos em um hotel na Av. Beira Mar e estava tudo muito bom. Na noite do dia 31, ceiamos e fomos para o terraço, onde havia um coquetel para assistir à queima de fogos. Estávamos de astral altíssimo. Perto da meia noite, vi que também estava no terraço um ex-colega. Achei que ele não me reconheceria de cabelo curto, mas ele me cumprimentou efusivamente. Decidi, então, me aproximar pra cumprimentá-lo. Apresentei a Paulinha. Tudo normal. A noite transcorreu sem sobressaltos.

Pois bem, ontem soube que este ex-colega comentou que finalmente tinha descoberto porque eu havia me separado. Tchan-tchan-tchan-tchan...
Não adivinham?
Não?...
Tentem mais um pouquinho...

Eu me separei por que sou gay!

Esta foi a conclusão da criatura, porque:

1) eu cortei o cabelo bem curto;
2) eu estava com uma moça no Reveillón;
3) epesar de tê-la apresentado como minha irmã, ela não devia ser, já que trocamos carinhos (assistimos a queima de fogos uma com o braço por cima da outra).

Não é brilhante?!

É ÓBVIO que eu não me ofendi, porque ser chamada de homossexual ou de heterossexual é a mesma coisa, não há nisso nenhum mérito ou demérito, é mera característica, gosto, opção. Dei risada e me surpreendi com a capacidade que algumas pessoas têm de fantasiar sobre a vida das outras, de distorcer os fatos para render fofoca, comentário, especulação, conversinha de corredor. Eu e a Paula somos muito parecidas, mas nem isso foi capaz de impedir que ele entendesse as coisas de acordo com seus desejos íntimos.
Pobre homem. Talvez eu ligue pra ele e recomende um analista.

Portanto, moças, sinto muito, se por acaso ouvirem algo neste sentido, não alimentem esperanças. Pelo menos por hora, é especulação.

Novo Sistema de Comentários - O meu sistema de cometários vivia dando crepe. Instalei um novo hoje. Clique no sublinhado aqui embaixo e teste!

terça-feira, fevereiro 04, 2003

IMH (Indicador Musical de Humor): Cry Me a River, Ella Fitzgerald
INIBA(Índice de Intolerância com a Burrice Alheia):9%
Indicador de Humor - Estou incrementando o blog. Confira à esquerda, logo acima do OPINE, meu indicador de humor. Em tempo: O IMH não foi aposentado.
Ainda Paris - Quando a gente chega a Paris e dá a primeira caminhadinha por aquelas ruas simples e deslumbrantes, antes de qualquer comentário a gente pensa "vou precisar de pelo menos 10 dias". Então a gente caminha mais, entra em alguns museus, come algumas vezes, bebe um pouco de vinho e muda de idéia: "melhor seria ficar um mês". Só depois a gente chega à conclusão tão correta quanto definitiva: "Eu pre-ci-so me mudar pra cá". Quem discordar que atire a primeira baguete.



Ainda sobre a inutilidade do freio de mão


Admitir alguém em si
É franquear a entrada a
Nossos penhascos e cimos,
Nossos cantos e calçadas,
Nosso vinho e nosso chão.

Abrindo um vão
Ou escancarando as portas,
A intromissão é sem volta,
É completa,
Daí pr’adiante
Nenhuma estante
A salvo da desordem,
Nenhuma cortina
Que não possa ser aberta.

Por isso
cada vez é um susto,
Por isso
cada vez se faz silêncio,
Por isso sempre um pequeno luto
Em honra de nossa falta de senso.

No começo
Pensamos estar a salvo,
Ir com cuidado, sair incólumes,
Ou na pior sortes,
Nos será doce a morte
No caso de algum revés.
Depois, resignados,
Cientes dos possíveis estragos,
Mantemos olhos cerrados:
Seja lá o que deus quiser!

(PAF, 2002)





Inutilidade - Já deve ter acontecido com você. Você conhece alguém, acha legal, pinta a química. Você fica feliz. Aí vem alguém suuuuper bem intencionado e diz "-Vai com calma!", "-Não tenha tantas expectativas!", "-Você pode se machucar!". Adianta?! Que ir com calma o que! E a gente tem como ir com calma quando se apaixona? Tem? Dá pra dizer, "peraí que eu vou ali tomar um ansiolítico e já volto", "um minutinho só que eu preciso relaxar para a taquicardia não tomar conta"? Dá pra fingir que não tá acontecendo nada? Dá? Claro que não!

Pra ir com calma só quando a coisa não tem tchan, quando não tocam sininhos, quando não vê estrelas, quando as pernas não ficam bambas só de ouvir o nome. Aí dá pra ir com calma. Dá pra dizer "hoje eu não posso, me liga amanhã" e fazer charminho. Dá pra puxar o freio de mão e deixar todo aquele tesão pra outro dia, afinal, SE for o caso, teremos o resto da vida.

Mas aí quem disse que eu quero ir? Eu não. Daí nem com calma, nem sem calma.





You are French
You are a Parisian.


What's your Inner European?
brought to you by Quizilla

Não tinha a menor dúvida disso.

Isso me lembrou uma história engraçada.
Em maio de 2001, estava eu na Île Saint Louis, em frente a um mercado de vinhos, abraçada a duas baguetes olhando o movimento enquanto o meu ex-marido comprava vinho. Vinham caminhando pela calçada duas peruas brasileiras e um senhor, também brasileiros. Elas estavam fazendo cara de nojo e reclamando que "...agora os turistas não se limitavam a empestar o centro e a Torre, estavam invandindo a ilha. Ora bolas. Desaforo. Já quase não se viam parisienses..." E o senhor de ar aristocrético que as acompanhava, me apontou com um gesto de queixo e disse "Claro que se vê. Olha só esta moça com as baguetes. Parisiense típica". Tentei não sorrir para não me denunciar. Parisiense típica. Vejam só. E eu nem tinha cortado o cabelo ainda.

Ser confundida com uma parisiense por um parisiense legítimo, isso sim seria a glória. Mas não sonhemos tão alto.

Se da próxima vez (e tomara que esteja próxima mesmo) que eu for a Paris eu já estiver me comunicando em francês com desenvoltura, já vai estar ótimo. Acenderei uma vela na Saint Chapelle por vida longa ao Monsieur Roche, que luta bravamente me ensinando francês.

segunda-feira, fevereiro 03, 2003

Cantares de Perda e Predileção - Hilda Hilst

Eu amo Aquele que caminha
Antes do meu passo
É Deus e resiste.
Eu amo a minha morada
A Terra triste.
É sofrida e finita
E sobrevive.
Eu amo o Homem-luz
Que há em mim.
É poeira e paixão
E acredita.
Amo-te, meu ódio-amor
Animal-Vida.
És caça e perseguidor
E recriaste a Poesia
Na minha Casa.
(XXIII)
* * *
Vida da minha alma:
Um dia nossas sombras
Serão lagos, águas
Beirando antiqüíssimos telhados.
De argila e luz
Fosforescentes, magos,
Um tempo no depois
Seremos um só corpo adolescente.
Eu estarei em ti
Transfixiada. Em mim
Teu corpo. Duas almas
Nômades, perenes
Texturadas de mútua sedução.

(LXVII)

(Cantares de Perda e Predileção - São Paulo: Massao Ohno & M. Lydia Pires e Albuquerque Editores, 1983)
Farinha do mesmo saco - Gordo e concurseiro têm sempre o mesmo discurso: "-A partir de segunda, vou encarar pra valer." Um, o regime; o outro, os estudos. Poucos persistem. Poucos emagrecem. Poucos são aprovados. Um brinde a eles. Onde quer que estejam.

Poesia - Tenho escrito muito. Voltei a precisar escrever regularmente. Fazia tempo que meu organismo vinha se contentando com um surto a cada duas semanas. Sinal de que tem muita coisa sendo passada a limpo. E a minha analista em férias. Eu mereço.
FDS - O fim de semana foi de muita família e - surpresa - estava ótimo. Assistimos a trilogia O Poderoso Chefão, mais de 9h de filme. Nem notei que era tanto tempo. Pudera. Coppola dirigindo figurinhas como Brando, Pacino e De Niro não tem como ser massante. A bunda ficou um pouco quadrada, mas graças ao tecido adiposo, que não é pouco, a recuperação é rápida.



"- Michael, levanta daí que a Tícia quer sentar pra ver os filmes."

sábado, fevereiro 01, 2003




Que mágica essa tua
De ser tantos e ser um
Que fica sempre
A despeito
Do passar do tempo
E do fim da história?

Que luz essa tua
Do teu sorriso,
Dos teus gestos,
Da tua voz impressos
Pra sempre na retina
Pra bem depois que a peça termina?


(PAF. Para J.F)