Quem sou eu

Minha foto
www.naodiscuto.com www.ticcia.com

terça-feira, março 18, 2003

Sucesso - O meu post a respeito das férias de mim mesma foi parar entre os destaques de fevereiro no Copy&Paste. Esclareça-se que na época eu ainda não era co-editora.

segunda-feira, março 17, 2003

Depois de experimentar assoviar, chupar cana e tocar flauta ao mesmo tempo, concluí que não dá. Estou de mudança para o Não Discuto. Espero vocês lá.

Clique no banner e sigam-me os bons!!



Felicidade - Recebi um trilhão de ligações telefônicas, mensagens no celular, e-mail, comentários e até posts me parabenizando pela entrada triunfal na era balzaquiana. Um bilhão de obrigados a todos.

Klimt (quem mais?) - Fulfilment

O dia em que fiz 30 anos vai ficar na minha memória definitivamente de forma concreta e indelével. É uma memória sólida, com peso, medidas, palpável. Tem gosto, cheiro, forma, dor, prazer, som.

O meu aniversário tem cheiro bom de comida preparada com gosto, com cuidado, de lençóis limpos e damasco em passas. Tem cheiro úmido de pele com suor doce, no percurso entre o queixo e o lóbulo da orelha e de ar saturado de suspiros. Tem gosto de vinho bordeaux, tiramisú na boca às colheradas e de lábios grossos e macios. Tem gosto de lembrança e desejo, de línguas se enroscando, de café recém passado. Meu aniversário tem cor de velhas esmeraldas e de um dia cinzento que deveria não terminar. Meu aniversário tem a dor de dentes cravando no ombro, de unhas rasgando a pele, de músculos exaustos e de dizer adeus. Tem um prazer que nasce e morre, nasce e morre e ressuscita como se nunca tivesse morrido e me embala em ondas imensas, de coração batendo forte num abraço que pulsava em dois. Meu aniversário tem um peso agradável sobre o meu corpo, que não me esmaga, me aconchega e me aninha. Meu aniversário tem a voz do Vitor Ramil, cantando uma música sem tempo e sem espaço, dizendo "tudo isso foi no mês que vem, foi quando eu chegar na hora em que eu te quis", tem som de gemidos, sussuros, gargalhadas. Tem o toque de mãos que se entrelaçam, de dedos percorrendo meu rosto, das minhas mãos finalmente se apossando de tudo. Meu aniversário tem palavras de poemas antigos que voltam para me abraçar e tem um nome, para sempre.

domingo, março 16, 2003

O Dia 16/03


Bacanal - Por volta de 200 a.C, acontecia nos dias 16 e 17 de março a Bacchanalia, ritual secreto primeiramente presidido apenas por mulheres, em homenagem ao deus Dionísio (grego), também conhecido como deus Bacco (em Roma). Com o passar do tempo, os homens passaram a participar também dos festejos (ainda bem, né? Bacanal sem homem nem-pen-sar!). Em 186 a.C o Senado romano editou um decreto proibindo a festa, por haver suspeitas de que durante as reuniões, crimes e conspirações eram tramadas.

Vai dizer que não tem tudo a ver? Sexo, vinho, crime e conspirações secretas. U-A-U.


Agora, as más notícias.

Massacre I – Em 1190, num dos episódios mais vergonhosos da história da Inglaterra, judeus foram massacrados em York. Alguns, suicidaram-se para não caírem nas mãos dos assassinos, outros, morreram no incêndio que se seguiu ao ataque. Aqueles que escaparam do disastre, foram massacrados.

Massacre II – Em 1968, a companhia americana Charlie, composta por 150 soldados, que lutavam na guerra do Vietnam, massacraram cerca de 500 moradores civis da aldeia de My Lai. A Companhia era liderada pelo pelo tenente William Calley que recebeu ordens claras do Capitão Ernest Medina: vasculhar e destruir a aldeia de My Lai. Os soldados da companhia Charlie, com média de idade de 20 anos, já havia sofrido várias baixas, devido a atiradores de elite, minas e armadilhas explosivas, mas não havia ainda entrado em combate. Estavam todos procurando por sua chance de vingança. Na aldeia não havia soldados vietcongues. Calley então ordenou: matar todos os civis. As pessoas eram jogadas em valas, e mortas com tiros de metralhadoras. Se alguém sobrevivesse, e tentasse fugir, era morto na hora. Alguns dos mortos foram mutilados, outros tiveram as palavras "C Company" marcadas no peito. As pessoas eram desmembradas, gargantas e braços eram cortados... Em quatro horas, 500 civis, entre eles mulheres, crianças e idosos, foram brutalmente assassinados.

Um piloto de helicóptero, chamado Hugh Thompson, testemunhou o ato e tentou resgatar alguns sobreviventes. Ele se viu forçado a mandar os atiradores do helicóptero dispararem contra os soldados americanos que continuavam a matar os civis. Thompson conseguiu tirar de uma das valas uma criança de três anos, completamente encharcada de sangue, mas ilesa e pediu por rádio que mais helicópteros fossem mandados, descrevendo com detalhes o que estava acontecendo. Logo a Companhia C foi ordenada que parasse de matar.

O massacre foi primeiramente encoberto e negado. Mas muitos soldados, incluindo alguns que não estiveram presentes ao massacre, sabiam o que realmente havia acontecido, e levou um ano para que a verdadeira história chegasse aos olhos do congresso americano, e do presidente. Investigações detalhadas começaram a ser feitas, e detalhes escabrosos do massacre vazaram para a imprensa.

Willian Calley foi julgado por uma corte marcial em 1970, e condenado à 20 anos de prisão. Em seu cárcere privado, Calley podia receber visitas, cozinhar, e até mesmo ter animais de estimação. Inúmeras cartas de apoio a Calley foram enviadas por americanos, dizendo que ele era na verdade um herói contra o comunismo. Protestos foram feitos em seu favor. Sua pena de 20 anos diminui para 10, e por fim, em 1974, ele foi solto, após ter cumprido uma pena em prisão domiciliar de apenas 3 anos.

Aniversariantes do dia:

James Madison, 4º presidente americano, um dos maiores constitucionalistas do mundo, chamado de “father of the Constitution”.
Jerry Lewis, ator.
Joseph Mengele, carrasco nazista
Gorky, escritor russo.
Bernardo Betollucci, cineasta
e

EU, claro!



A Novidade - Há algum tempo atrás, divulguei aqui uma campanha para ajudar um menino chamado Lucas, lembram? Esta campanha foi iniciada pela Rossana, do Wumanity e toda a história está narrada no site A História de Lucas. A Rossana, que trabalha com design, aceitou a idéia de um amigo e fez um blog para ser leiloado em prol da campanha.

Na semana passada, alguns amigos me ligaram e perguntaram o que eu gostaria de ganhar de presente de aniversário. Tive a idéia de comprarmos o blog. Nos reunimos e comprarmos o Não Discuto. Eu ganhei um presente lindo e ajudamos o Lucas. Fiquei muito feliz.

Ainda não sei se me mudo definitivamente para lá, ou se mantenho os dois blogs.

Vai lá e me faz uma visita na casa nova:

Não Discuto

sexta-feira, março 14, 2003

RESISTÊNCIA

O vento Minuano sopra insano
As entranhas escuras do inverno
Mas também embala terno
As doces flores de pano
Que escaparam por pouco
Nos braços da prima Vera.

(PAF/1993)
Faltam 2 dias.


Tem pessoas que não podem nem pensar em cozinhar que imediatamente pensam na sujeira que vai dar e na trabalheira pra limpar tudo depois. Eu não penso assim. Cozinhar é um ato de amor, quase sexual. Portanto, não pode ser só para mim, nem para quem eu não gosto muito. Nenhum escritor escreve para si, nenhum pintor pinta para guardar no sótão, nenhum ator encenaria nada para seu próprio deleite diante de uma platéia vazia. Todos querem público, querem ser reconhecido, avaliados, criticados, amados. Quem cozinha também.

Uma refeição começa dias antes, quando a gente começa a pensar no que vai constar do menu. Que salada, que entradinha, qual o prato princial, a sobremesa, o vinho. É meio aquilo de Se vens às seis, desde às quatro já sou feliz. Depois, as compras, a escolha dos melhores ingredientes, do vinho, seguidos pelos detalhes, flores, velas, guardanapos. Só então a gente começa a cozinhar de fato, normalmente pela sobremesa. É possível ver quem gosta de cozinhar pelo jeito que maneja os utensílios, os ingedientes. Um pintor não trataria melhor a palheta ou a tela, nem um poeta suas canetas e cadernos (deus nos livre de quem escreve poesia direto no computador). A hora de sentar e comer é também um prazer, mas não o mais importante, assim como a hora do aplauso ou da vaia, assim não o são para o ator.

Claro que cozinho para o meu prazer, assim como escritores escrevem, pintores pintam, atores encenam. Para mim é um privilégio ter para quem cozinhar, já que a minha gata só come ração e ainda não aprendeu a falar "está óóóóóótimo". Acho que as mulheres, seres nascidos e dotados de aparelhos fornecedores de comida, têm mais prazer de alimentar, é uma expressão natural do seu desejo de cuidar, de dar atenção, amor.

Por isso, para mim, seduzir e amar passam pela cozinha.

quinta-feira, março 13, 2003

Faltam 3 dias.
POESIA

- E a lâmpada? – Perguntou descrente,
o pai irreverente, ao menino de dedo em riste.
- A lâmpada, meu amigo – estufou mais o peito –
se olhares direito, é uma luzinha muito triste
Presa numa bola de vidro.

(PAF/1993)


Tem épocas da minha vida que eu sinto uma vontade irrefreável de absorver conhecimentos e produzir, me renovar, trocar de casca. No último surto desses comecei a fazer francês, alemão e cheguei a me inscrever em um curso de piano. Em surtos anteriores, fiz curso de teatro. Normalmente não são conhecimentos relacionados com a minha profissão, mas coisas que me dão prazer. Me sinto desabrochar e florescer, como aquelas florzinhas que depois de prontas e férteis, viram uma pluminha e saem voando por aí, procurando lugar para brotar novamente. Nesses períodos escrevo muito, muito, muito. Chego a escrever três, quatro poemas por dia, que saem num jorro, de uma vez. Depois guardo tudo na gaveta, para amadurecerem. Às vezes dois viram um. São os filhos que já tive, minhas jóias de família, minhas relíquias sagradas, meus sentimentos corporificados, como átomos de carbono que invisíveis a olho nu, interligam-se, estruturam-se e viram diamantes. Pelos menos pra mim.

quarta-feira, março 12, 2003

FALTAM 4 DIAS.
Da série A Oficina do Kiefer - Na sexta passada, o Kiefer propôs o mote (Quando ele acordou, o dinossauro ainda estava lá.) para que a partir dele escrevêssemos um conto. O conto tá aí. Críticas, tomates e ovos podres podem ser enviados via comentários.



Quando ele acordou, o dinossauro ainda estava lá. Tentou, então, permanecer imóvel, quieto, para não despertar a sua atenção. Com ele já havia outros e pareciam partilhar uma refeição. Sabia que o mais terrível deles era o de pele verde, muito grossa e enrugada, garras longas e afiadas. Apesar do monstro não enxergar bem a curtas distâncias, poderia captar seus movimentos prontamente, caso ousasse levantar-se. Esperou.

No grupo estava um enorme oleossauro, de cauda possante, passadas pesadas. Talvez não fosse agressivo, mas uma pisada daquela pata seria suficiente para esmagá-lo e reduzi-lo a pó. Seu nome advém do fato de ter uma grossa camada de óleo sobre a pele, funcionando como camada protetora e repelente natural de predadores. Ele e o mais feroz estranhavam-se um pouco e emitiam sons agudos e estridentes. Os demais partilhavam da junção, da comida, mas pareciam alheios ao embate. Um deles subitamente afastou-se do grupo e entrou mata fechada adentro. Algum alvoroço dos demais. Após alguns minutos, voltou com mais comida e foi recebido com visíveis manifestações de satisfação.

Aproveitando a oportunidade em que todos estavam distraídos, ele rolou suavemente morro abaixo e escondeu-se em um pequeno buraco, um tanto apertado e quente. O plano era ficar ali, incógnito, até que, terminada a refeição, o grupo se dispersasse e ele pudesse fugir. No entanto, para sua desgraça, eis que um dos enormes répteis, cujas fossas nasais eram de tamanho avantajado, denunciando sua grande capacidade olfativa, gira a cabeça em sua direção e lhe denuncia:

- Adélia, olha só onde esse guri se meteu! Embaixo da mesa de canto! – Brada D.Vivi, enxerida como seu grande nariz adunco.

- Mas que guri medonho. Já estava estranhando mesmo. Estava quieto há muito tempo, pensei até que estava dormindo. Sai já daí, Sérgio Francisco! – Grita Tia Zola, passando a mão pela testa suada, reluzente de tão oleosa. Era tão gorda que parecia brotar banha pelos poros.

- Já cansei de dizer para a Maria Angélica que não posso ficar com essa peste às segundas, mas ela sempre arranja um troço para fazer. Chispa daí, criatura, anda. Vais derrubar os enfeites! – Vó Maria vem lenta mas decidida, crava as unhas compridas na orelha de Serginho e arranca-o de seu esconderijo. Ele se agarra desesperado à saia do vestido verde. Em vão. D. Maria ajeita os óculos e anuncia a partida.

- Segunda que vem eu volto pro bingo. As empadinhas estavam ótimas, Vivi. Tchau, gurias.

Lá vai Sergio Francisco, arrastado pelo terrível dinossauro, sem saber que cruel destino lhe está reservado.



Em breve, mais notícias que irão abalar estruturas.
Acredite... se quiser - Perdi meus óculos escuros ha uma semana. Desapareceram da face da terra sem deixar vestígios. Procurei por tudo, liguei para os lugares onde tinha ido. Nada. Não sou de perder coisas, nem óculos. Os meus últimos tinham sido comprados na lua-de-mel (cruzes!) e tinham sido aposentados com oito anos de uso. Descansam agora no Refúgio dos Óculos. Fiquei abaladíssima. Além de serem lindos e combinarem perfeitamente comigo - claro - tinham custado caro. Já estava pensando em adquirir novos, mas as freqüentes visões místicas da Nossa Senhora dos Semi-desempregados me dissuadia. Foi quando aconteceu.

Hoje, já quase na hora de acordar, Hilda (a gata), entrou no meu quarto e derrubou o abajur, fazendo barulho. Como meu sono estava pesado, não acordei e o barulho entrou no sonho que eu estava tendo (outras vezes isso já aconteceu, p. ex. tocar o telefone e eu sonhar que era uma ambulância, etc.). No sonho, eu estava estudando na mesa do computador quando livros caíram das prateleiras. Ao juntá-los de trás da mesa, encontrei os óculos caídos. Nem lembrava bem do sonho quando acordei, mas ao escovar os dentes, lembrei dele. Ato contínuo, fui até a escrivaninha e olhei atrás: tinha um livro caído, entre a mesa e a parede (ai). Leventei o livro e... isso mesmo. Lá estavam os óculos! Não é incrível!?

Das duas uma: ou o livro caiu um dia que eu estava concentrada e só registrei inconscientemente e agora a lembrança voltou no sonho ou... bem, vocês sabem.
Ai minha Nossa Senhora dos Semi-desempregados, valei-me!
Se a graça for alcançada, prometo passar um ano sem comer Troppo crocante.
Um ano, não, 1 mês. Isso.
Amém.

terça-feira, março 11, 2003



Entre os restos que habitam a casa,
A manhã abortada, coberta de sangue
A quem foi negado nascer entre os teus braços,
Flores secas e despedaçadas a dente
Deitadas as pés do teu retrato
E um beijo frio que morreu de fome
Atrás da porta que não mais se abriu.

Entre os restos que habitam a casa,
O espectro dos teus olhos no espelho do quarto
Plenos das certezas que não me deste,
As frases de um amor insano agarradas aos lençóis,
Uma réstia de sol que passeou nos teus cabelos
Pousada nua na almofada esquecida
E uma paixão partida escondida em cacos
Debaixo de um travesseiro.

Entre os restos que habitam a casa,
Um sonho que virou brisa
Impregnado nas cortinas com o teu cheiro,
O gozo mais fundo dentro de uma gaveta,
Soluços galopando lírios nos vasos
E o amor absoluto que preferiste não tomar para ti.

Entre os restos que habitam a casa,
O pouco que sobrou de mim.

(PAF/2003)
Faltam 5 dias.
Chicago - Vi e gostei. Surpreendentemente. Não gosto de musicais, fico torcendo pra musiquinha terminar logo e seguir o filme. A Ana gostou dos jornalistas marionetes e eu, claro, achei um barato o circo no tribunal (per-fei-to, sem tirar nem por).
Será que temos boa auto(deles)-crítica?!
Ladies & Gentlemen, (rufem os tambores)...

Buemba, buemba...

Virei co-editora do
Copy & Paste!!!!!!


Sim, sim, sim. Verdade. Olhem lá. Ratapulguinho em pessoa informa.

A partir de agora, portanto, bombons, flores (a-do-ro flores), presentes caríssimos, suborno em dinheiro, cartões de crédito sem limites são aceitos e serão considerados na hora de avaliar seus posts. hehehe. Tô brincando. Bundalelê à parte, adorei o convite.

Gostoso- Ter um post reproduzido em outro blog é muito legal. Ter um post de 4 meses atrás reproduzido em um blog por que a criatura ficou fuçando nos arquivos imemoriais, é A GLÓRIA. Tks, Ique.
Tudo Explicado

Disorder | Rating

Paranoid: Very High
Schizoid: High
Schizotypal: High
Antisocial: High
Borderline: Low
Histrionic: Very High
Narcissistic: Very High
Avoidant: High
Dependent: High
Obsessive-Compulsive: High

Mais informações aqui.
Faça o teste aqui.
Celulite (banner à esquerda), genial, cortesia de Chocolate 1/2 Amargo. Tks, Fabi.

segunda-feira, março 10, 2003

Em breve, novidades de fechar o comércio que não dizem respeito ao Rio de Janeiro.
Não percam.
Faltam 6 dias.



Lusco Fusco - Sensação estranha de estar cercada de inúmeros caminhos, mas todos estarem ainda invisíveis. Caminhos riscados em baixo relevo que precisam ser sombreados a lápis, ou como aqueles seres invisíveis que precisam de uma lata de tinta na cabeça para aparecerem. Sinto que eles estão aqui, que me cercam, escancaro os olhos, tento achar o foco das minhas pupilas como um gato que capta os parcos resquícios de luz, mas ainda não consigo vê-los e, por isso, não sei em que direção andar.

Nunca me senti à vontade nesse horário do dia em que as sombras têm a mesma cor das coisas, tudo vibra na mesma intensidade de azul e de nada adiantam as lâmpadas que se acendem. Tudo se confunde, se funde, se interpenetra. Daqui a alguns minutos as sombras desaparecerão e as luzes conferirão cores verdadeiras às coisas, mas esses minutos parecem uma eternidade e esperar, definitivamente, não é o meu forte.

Mais um da série Ditos Pelotenses:

Quando alguém espalha aos 4 ventos alguma coisa que deveria permanecer em segredo, Vó Ninhinha sempre diz: "-Nunca falta um boi corneta!"

Obs.: Boi-corneta: boi que, com seus mugidos, reúne parte do rebanho em torno de si.

Da série Possíveis Epitáfios:

- Mãe judia: "Eu disse que não estava bem."
A mãe do Ziraldo foi pro Copy & Paste.

(OBS.: Já tô devendo 67.874 cópias de santinho de Santo Expedito, 47 velas pra Nossa Senhora do Post Bunito e 5 subidas de joelhos na escadaria da igreja de Nossa Senhora das Dores nas Pernas com uma vela da altura do Ratapulgo - acesa - na mão).

domingo, março 09, 2003

IMH (Indicador Musical de Humor): Miss Otis Regrets, Ella Fitzgerald
INIBA (Índice de Intolerância com a Burrice Alheia): 78% (Mais comentários, mais comentárioooooss!!!)



Madame Butterfly - Ela esperava que ele viesse e por ter certeza de que um dia viria, descartou as roupas que sabia que não iria precisar. Botas pra chuva, por exemplo. Quando ele viesse, poderia sentir a delícia de correr por dentro das poças d’água, pisoteando forte para fazer a água saltar bem alto e eles correriam juntos, mãos dadas, roupas sujas. Também descartou as roupas apertadas e desconfortáveis. Seriam desnecessárias quando ele viesse. Preparou a casa que iria recebê-lo. Precisaria ter uma cama grande, um espelho, claro. Algumas almofadas e porta-retratos ainda desocupados. Os livros que ela tinha certeza de que ele gostaria de ter por perto, cada um com seu marcador, como ela à espera de suas mãos, olhos e da sombra de seus cílios. Vasos para colocar as flores que ele traria de vez em quando no final da tarde, embrulhadas em jornal. Ela sabia que deveria estar pronta quando ele viesse, então fez-se mais bonita. Escolheu o melhor jeito do cabelo, tratou das mãos. Contudo, era flagrante que o que mais lhe embelezava era a certeza de que ele viria. E esperou que ele viesse sem duvidar, sem temer, sem cobrar. Esperou simplesmente que ele viesse.

Ainda hoje, quando chove, ela sai sem botas para caminhar por dentro das poças e a chuva esconde as lágrimas que ela derrama escondido dela mesma.


Aonde está você agora além de aqui, dentro de mim?



Ziraldo - Em uma palestra do FSM 2003 (que o Mika também estava), Ziraldo contou uma história muito bonitinha. Ele disse que a mãe dele, já com oitenta e cacetada tava dançando, quando uma moça passou e perguntou se ela tava lembrando dos tempos dela. Ela então respondeu: "-O que é isso, minha filha?! O meu tempo é o tempo todo!"

sábado, março 08, 2003



Saudades.
Livros - A pilha de livros sobre a minha mesa cresce. Os livros do meu desejo encaram calados os livros que tenho que estudar. Estes impõem-se pela força dos prazos prementes; aqueles, pela necessidade de higiene mental.
Uma Isabel Allende esguia lança um olhar de desdém sobre o Código de Processo Civil Comentado, parrudo como um lutador de jiu-jitsu. Um Saramago novinho desiste de argumentar com um Manual de Direito Penal, já meio desatualizado. Um Joyce se recusa a compartilhar o mesmo tampo de mesa com a coleção de Direito de Família do Rizzardo. E eu aqui, tendando serenar os ânimos e estabelecer uma negociação civilizada, pra estabelecer quem vem antes de quem.
Difícil, muito difícil.
Felicidade Clandestina - O momento mais delicioso do dia tem sido abrir os mails. Fico ansiosa como uma criança que desembrulha um presente. Às vezes vejo o aviso de que o e-mail chegou e fico adiando o momento de abri-lo. Olho o título e fico imaginando o que me espera. Fecho e deixo pra abrir mais tarde. É a versão Patrícia de Felicidade Clandestina da CL. Fiquei muito emocionada com este conto, principalmente com a parte que ela diz que ia comer pão com mateiga pra adiar o momento de se encontrar com as palavras do livro que ela queria tanto. Coisa mais linda.

Oficina - A oficina que estou fazendo começou ontem. Na verdade, ainda não trabalhamos pra valer, só nos apresentamos. Muitos alunos ainda não compareceram (deve ser o feriadão de carnaval). Apesar disso, O Kiefer já nos deu algumas tarefas e uma delas é escrever um mini conto a partir de um mote fornecido. Gosto disso. Tenho que por o cérebro pra funcionar.

sexta-feira, março 07, 2003

Domingo, 09/03/2003 - No próximo domingo, das 20h às 24h (horário de Brasília), acenda uma luminária, lâmpada, abajur, holofote, canhão de luz(!) na janela, sacada, pátio, jardim, virada para cima. Será um símbolo da sua oposição à guerra. A campanha é mundial. Aviões e satélites poderão captar o mundo iluminado, pedindo paz e se unindo em esperança. Colabore.
Flores - Num dos diálogos mais bonitos de As Horas, Clarissa Vaughan fala com a filha a respeito de felicidade. Diz que teve uma determinada noite, há muitos anos, em que ela não tinha conseguido dormir pensando nas ilimitadas possibilidades que estavam se abrindo diante dela. Na época ele tinha pensado que era o começo da felicidade, mas que algum tempo depois percebera que não era o começo, aquilo já era a felicidade. Me sinto assim. Feliz pelas inúmers possibilidades.




Esta que chegou em minha vida
Sem que eu soubesse de onde vinda
Tramou flores em meus cabelos
Me vestiu de mim e me despiu dos outros.

Esta que arrombou meus armários
Veio por um caminho de contrários
Que eu nem sequer conhecia
E enquanto amanhecia
Livrava meus pés dos espinhos
Para que eu seguisse viagem.

Esta que fala com minha boca,
Impregna-me de sua voragem,
Veio me encontrar e me mostrar
Como me perder
Entre os labirintos de passagens
Veio me fazer tecer mil teias
Para me enredar e adormecer.

É linda e tem olhos sem fundo,
Boca de dragão, tem fome do mundo,
Peito cheio de asas e tambores,
Seios plenos de promessas
E está prestes a rebentar de luz e espanto.

EU cheguei em minha vida
Sem que soubesse de onde vinda,
Nem porque demorei tanto.

Então a vida me mandou flores.

PAF/2002



Trens - Há quase um ano, meio por acaso, vi no jornal um anúncio de início da oficina do Charles Kiefer. Liguei, me informei e acabei não indo. Me arrependi um pouco.

Hoje, respondendo um e-mail lindo, que me perguntava porque eu não corria atrás pra publicar minhas poesias. Pensei em melhorar o que eu escrevo e lembrei da oficina. Procurei o telefone, liguei pra saber se teria alguma oficina planejada. Sim. Começa hoje. Última Vaga. O que eu fiz? Me inscrevi, claro. Era o destino com a mão estendida, me convidando a embarcar no trem. A viagem começa hoje, às 19:30. Tudo por culpa do e-mail. Sim, já escrevi pra ele, avisando que pode começar a se sentir responsável pelos possíveis acidentes de percurso.

quinta-feira, março 06, 2003



Klimt, novamente: The Bride, encontrado inacabado em seu estúdio, após sua morte. Acho que me representa bem, inclusive pela inconclusão.


Trinta

Daqui a alguns dias faço trinta anos.

30, XXX, trinta, TRINTA, atnirt, tRiNtA, TrInTa. Incrível.

Trinta, mas com um corpinho... de trinta e com idade mental... de trinta. Finalmente.
Pela primeira vez na vida minha idade cronológica, física e mental vão estar coincidentes.

Já tive 17, com corpo de 40 e idade mental de 8. Já tive 25, corpo de 25 e idade mental de 60. Já tive 12, corpo de 18 e idade mental de 25. Já tive 5, corpo de 7 e idade mental de 10.

Há muito tempo eu me via com trinta.
Aos trinta eu estaria morando sozinha. Durante um tempo eu não sabia bem como, já que estava casada e achava que era pra sempre, mas tinha aquela sensação de que Esta-história-não-se-estanca-por-aqui (Hique Gomez). Aos trinta eu teria me encontrado na vida, na profissão. Aos trinta eu estaria pronta para O Grande Amor. Aos trinta eu teria um gato. Aos trinta eu teria o meu dinheiro. Aos trinta eu teria os meus 100 CD's dos sonhos. Aos trinta eu aprenderia francês e alemão. Aos trinta eu colocaria uma camisola sexy mesmo pra dormir sozinha. Aos trinta eu estaria pensando na possibilidade de morar fora do país por um tempo. Aos trinta eu me compraria flores toda semana. Aos trinta eu mandaria à merda quem me torrasse. Aos trinta eu teria amigos de verdade. Aos trinta eu faria análise e tiraria proveito dela. Aos trinta eu estaria satisfeita com o meu corpo e meus cabelos. Aos trinta eu me acharia linda. Aos trinta minha melhor companhia seria eu mesma. Aos trinta meus conflitos com a família estariam resolvidos e eu adoraria a companhia deles. Aos trinta sexo seria uma delícia. Aos trinta eu saberia beber vinho. Aos trinta eu saberia cozinhar. Aos trinta eu teria realizado alguns sonhos e teria certeza de realizar mais um monte deles. Aos trinta eu me sentiria capaz de qualquer coisa, qualquer desafio e não teria medo de errar. Aos trinta eu amaria incondicionalmente e conheceria os riscos disso. Aos trinta o mundo me tiraria pra dançar.

E não é que era verdade?!





LUCIDEZ

Percebo a tua luz incandescente,
Insólita mariposa amarela,
Por detrás do vidro embaçado da janela
Deste desesperado inconsciente.


PAF/1993



quarta-feira, março 05, 2003

Da Série "Ditos Pelotenses": Tava mandando um mail pra Angie quando o caboblo-sete-flechas-tranca-rua-Tiradentes me assoprou uma que eu não usava há tempos:

- Por que cargas d´água...? É usado em expressões de interrogação, quando não se sabe o motivo de algo ter ocorrido, por ex.: "Mas por que cargas dágua esta cremeira está na estante?"

- Cremeira/cremeirinha: potinho/tigelinha de sobremesa, geralmente de vidro ou porcelana. O nome parece ter sido dado porque eram usados para servir cremes. Muito comuns eram aqueles de louça branca com uns losangulinhos laranja nas bordas, que quando quebravam viravam em mil caquinhos, lembra? Depois foram substituídos pelos Duralex caramelo.


Grama - Às vezes coisas aparentemente pequenas me fazem ganhar o dia.

Hoje, voltando pra casa, cruzei a Redenção (que é um parque, para os não porto-alegrenses) e um cheiro forte de grama recém cortada invadiu minhas narinas. Cheiro de grama recém cortada está para o olfato assim como uma limonada gelada está para o paladar e um mergulho em rio está para o tato, faz a gente se sentir vivo. A grama estava aparada e por tudo podia-se ver os desenhos feito pela máquina no gramado, um tabuleiro de damas, um tecido xadrez de quilt.

Tive vontade de sorrir. Pessoas estavam passando e outras estavam sentadas à sombra e me passou pela cabeça por um instante que elas poderiam me achar esquisita ou boba, caso eu sorrisse assim, inexplicavelmente. Bobagem se deixar frustar pelas amarras das convenções socias - as piores delas - que chegam ao ponto de fazer se sentir meio tolo quem tem vontade de sorrir, veja só sorrir, sem um motivo declarado e reconhecido.

Então sorri. Sorri com todos os meus dentes ortondonticamente emparelhados. Inspirei mais fundo e sorri novamente e pensei que se é verdade que quando a gente morre volta a ser parte da energia disseminada pelo cosmos, ficaria feliz de um dia vir a ser parte do cheiro de grama recém cortada.

O cheiro de grama recém cortada é o mesmo em qualquer lugar do mundo, isso me tranquiliza.


Refúgio Urbano: Tava passando na Benjamin Constant, quando vi uma vitrine. Estaqueei. Tudo a minha cara. Entrei.

Resumindo: se um dia eu tivesse realizado o meu sonho de montar uma loja, seria aquela ali, sem tirar nem por. Os trabalhos em papel mache são de enlouquecer qualquer um, tudo é lindo, toalhas de mesa com frutinhas aplicadas em crochê, espelhos enfeitados com rosas, cerâmica, artesanato mineiro, móbiles, luminárias, velas, tudo diferente e lindo. Não dá pra acreditar.

Tive que fazer uma força hercúlea pra não sair de lá de caminhão. Comprei só um jogo americano pintado a mão, com GALINHAS D'ANGOLA (elas são petit pois preto e branco, não resisto - isso conto outra hora). Quase cometi um desatino por causa de um lustre para vela de cristal, mas tive uma visão mística de Nossa Senhora dos Semi-desempregados e desisti na hora H.

O nome é Refúgio Urbano, a dona é a Anete, uma simpatia. Logo vai ter também roupas e acessórios (ai). Visitem o site. É muito bonitinho e tem alguns produtos pra ficar babando (eles vendem por e-mail!!).
Copy&Paste: Dedos foram. YES!



Dedos

Quando eu estou sofrendo muito, uma dor psicológica lancinante, meus dedos das mãos doem. Senti poucas vezes isso. Eles formigam e doem, parecem ocos.

Eu esperei por dias e dias há tanto tempo e inventei desculpas para justificar com nobreza a ausência a contra-gosto, mas meus esforços não lograram êxito. Daí aconteceu. Não bem isso, mas quase isso.

Nos encontramos na rua. Eu numa calçada, ele na outra. Eu, coração na boca, sentia a pulsação no rosto, nas pernas, nas mãos, o coração não batia, pinoteava, cavalo selvagem a dar coices no peito de dentro para fora.

Antecipei mentalmente a cena antes que ele me visse: nossos olhares se encontrariam no meio do caminho, ele hesitaria meio segundo até acreditar que era eu mesma, sorriria, aquele sorriso doce e ao mesmo tempo indecente que não se abre, insinua e caminharia lentamente até mim, como alguém que avista uma flor e decide roubá-la, num ímpeto de romantismo demodê. Esperei.

Ele levantou a cabeça e virou depressa. Atravessou a rua, entrou no carro e partiu. Partiu. Partiu-se. Se partiu. Se partiram. Partiram-se. Em mil pedaços.

Meus dedos doeram.

terça-feira, março 04, 2003

Momento perfeição: Elis cantando Inútil Paisagem, acompanhada só(?!) de piano tocado pelo Tom. De morrer.

É a minha atual música preferida. Deixei no Repeat do Cdman e como ouvi durante 2h e 57min, e a música tem 3min09s, devo ter ouvido aproximadamente 107 vezes. Não enjoei. Pelo contrário, acho que a minha alma foi no salão de beleza.


Você já buscou o insondável?

Eu sou a parceira na busca do insondável. É uma boa qualificação, muito inteligente. Pode parecer ser algo muito especial e pode não querer dizer absolutamente nada. É uma maneira de me deixar ali, na vida dele, achando que eu sou o que bem entender.

Então tem dias que acho que sou a coisa mais incrível e surpreendente, que não há nada similar nem ninguém que possa ocupar o lugar que eu ocupo. Que tudo o que fomos e somos um para o outro, é impossível de ser reproduzido, repetido. Não foi, nem nunca será. O meu lugar é o de uma coisa rara, única, delicada e difícil, muito difícil.

Em outros, não sou nada, ou muito pouco. Um pequeno rio que corre paralelo ao mar, sem peixes, sem barcos, sem desaguar nunca. Um lugar de brinquedo, de distração eventual quando não se tem nada melhor pra fazer, aquilo que sobra, a dispensa dos restos.

Então me vejo, mulher centauro, metade fêmea de belos seios, cabelos enfeitados de flores e conchas, milhares de promessas na boca que não pode olhar pra baixo ou encararia sua metade besta, suas patas e seus cascos, seu ventre de bicho, seu rabo de égua. A contradição em si mesma.
“De sorte que o foi levando
Ao alto da construção
E num momento de tempo
Mostrou-lhe toda a região
E apontando-a ao operário
Fez-lhe esta declaração:
Dar-te-ei todo esse poder
E a sua satisfação
Porque a mim foi entregue
E dou-o a quem bem quiser.
Dou-te tempo de lazer
Dou-te tempo de mulher.
Portanto, tudo o que vês
Será teu se me adorares
E, ainda mais, se abandonares
O que te faz dizer não.
Disse, e fitou o operário
Que olhava e refletia
Mas o que via o operário
O patrão nunca veria
O operário via as casas
E dentro das estruturas
Via coisas, objetos
Produtos, manufaturas.
Via tudo o que fazia
O lucro de seu patrão
E em cada coisa que via
Misteriosamente havia
A marca de sua mão
E o operário disse: Não!
Loucura! Gritou o patrão
Não vês o que te dou eu ?
Mentira, disse o operário
Não podes dar-me o que é meu”.


(Operário em Construção, Vinícius de Moraes, Antologia Poética, RJ, Livraria José Olympio, 1982, p. 209-210).


Foi assim que começou o discurso do paraninfo da minha turma de Direito, o meu "dindo", antes mesmo de saudar a reitora ou a mesa.
Essa noite sonhei com a formatura e com este poema.
Pra sempre a voz que declama o poema será a dele e não tem uma única vez que meus olhos não se encham de lágrimas e eu não seja invadida pela vontade de mudar o mundo.
A platéia aplaudiu de pé, por vários minutos. Nunca tinha visto isso.
Eu nunca mais vou parar de aplaudir.
As Horas (The Hours)


Numa das melhores cenas, o diálogo entre Virgínia e a pequena Angélica resume o filme.

Assisti hoje. A Grazi disse que queria me monitorar nas 24h posteriores ao filme, pra evitar alguma besteira. Não tem perigo.
O filme é lindo, pelos momentos mágicos que vivi. Não tanto pelo contexto, que é incrível, mas pelas situações, que são sutis, delicadas e absurdamente poéticas e profundas. Tomei vários socos no estômago, vários safanões e cheguei a soluçar alto na cena em que Clarissa (Meryl Streep) está deitada com a filha e fala sobre felicidade e na cena aí de cima, quando Virgínia (Nicole Kidman) fala com Angélica sobre morte.
Assistam.
Meu exemplar de Mrs.Dalloway está encomendado.

segunda-feira, março 03, 2003

Como diria Grazi, "desculpe por existir": a título de informaçà (çã mesmo, como o Brizola em questã), o texto A Síndrome do Desperdício ou A Enquete Dois, abaixo, foi abduzido pelo Ratapulgo e foi para o Copy-Paste, o céu dos Posts. Eu me amo!!!! Tks, Ratapulgo!


Rosa - Hoje, mais uma vez, esperei que ele viesse. Como tantas outras vezes em tantos outros dias há tanto tempo. Esperei que viesse aqui, que me esperasse na estrada do prédio, dentro do carro, para me surpreender entrando. Esperei que tivesse me esperando sentado na portaria ou escondido no corredor, pra me abraçar por trás e me beijar o pescoço. Esperei que viesse por telefone, a qualquer hora, me dizer que precisava de mim. Esperei que viesse por mail, mensagem pro celular. Mas hoje ele também não veio. E fiquei pensando em tudo que poderia estar acontecendo para que ele, justificadamente, não pudesse ter vindo, apesar de ter querido muito. Mais uma vez inventei desculpas mas não consegui me enganar e mais uma vez, fui triste pelo que não houve, pelo que faltou, pelo que não existe. E mais uma vez preservei a esperança de que amanhã ele venha. Mais uma vez fui dormir com uma rosa nos olhos e o peito trespassado pelas memórias do que fomos.

domingo, março 02, 2003

Carnavais Pelotenses – Pelotenses, não me deixem mentir. Se não for verdade, denunciem.

Em Pelotas, o grande barato do carnaval era sair mascarado. Mas mascarado pelotense não é aquela coisa de máscara nos olhos, aquela coisa zorro colorida de paetê. Mascarado pelotense vestia um saco de pano preto (como uma fronha) com dois furos para os olhos e um para a boca e, conforme a sofisticação da máscara (chinelo I, II ou III), poderia ter, ou não, a máscara zorro costurada em volta dos furos dos olhos, pra dar um acabamento.
Nos dias de carnaval, saíam bandos e bandos de mascarados, geralmente vestindo macacão de mecânico sem mangas, gritando pela rua. Não dava pra ver se era homem ou mulher. O pessoal aproveitava que estava totalmente incógnito e fazia as maiores sacanagens (pra época).
Eu tinha verdadeiro pavor dos mascarados. Odiava sair pra rua e ser assustada (aterrorizada) por eles. As raízes do meu desgosto carnavalesco devem estar aí.



Temporal - Daqui a alguns minutos deve desabar o 4º temporal em quatro dias. Tô com sorte. :)


Da Série Conselhos que Eu Dou de Graça : Você, amiga, certamente já passou pela situação de achar que tinha encontrado seu príncipe encantado, a outra metade da sua laranja, a azeitona da sua empada e a criatura ser suuuper atenciosa, amada, querida, fofinha, etc, até o caldo começar a engrossar.

Abre parênteses:
O caldo começa a engrossar quando: vocês já saíram umas vezes, já conversaram bastante, já transaram algumas vezes e foi muito bom, já se ligaram pra saber como andava a vida e ... e agora?
Fecha parênteses.


E aí, o seu pretê (expressão roubada do 02 Neurônio) começa a se fazer. É. Não liga, atende o teu telefonema super ocupado e diz que te liga depois e não liga, vai sumindo aos poucos, como quem não quer mais nada (ai!), saindo à francesa. Sacumé?

Então das três, uma.
(1) Ou o cara cai em si e vê que se continuar bancando o idiota, vai pro espaçoooo e resolve fazer a coisa como tem que ser, (2) ou você dá um S2 no pretê (subsolo 2, onde se guardam as tralhas - expressão by Grazi) e desencana, (3) ou você senta com o querido e fala a verdade: “- Aqui ó, canditados a passar horas agradáveis comigo têm filas e filas. Se é só isso que tu estás afins, pega a ficha 15 e espera a vez”.
Se, nem assim, ele se coçar, a rotina a executar é :
1) Delete;
2) Lixeira;
3) Esvaziar lixeira;
4) Abrir documento novo.

Livro - Meu livro do Bukowski tá emprestado. Será que ele foi pra praia? Será que fica ao lado da cama, sentado na mesa de cabeceira? Sei lá, às vezes ser uma traça não parece má idéia.


Síndrome do Desperdício ou A Enquete 2 - Vamos falar francamente. Eu sou uma mulher bonita, inteligente e charmosa. Gosto de música, meu gosto musical é dos melhores e é eclético - com algumas excentricidades, mas isso dá até um certo charme. Tenho bons amigos, gosto muito deles, uma família muito legal sem tentáculos, um ex-marido gente finíssima. Não fumo, não me drogo, não tenho nenhuma crise existencial em processo que possa me levar ao suícídio nem à psicopatia ou ao assassinato em série. Tenho uma profissão definida e adoro o que faço, sei que vou me realizar com ela, mas não sou uma workaholic. Leio um pouco, que é bastante para alguns, escrevo muito, poesias também, algumas bem passáveis. Gosto de cinema, teatro, ópera, mas não obrigo ninguém a ir comigo, encaro os programas sozinha numa boa. Tenho o meu espaço definido, físca e psicologicamente. Não sou grudenta, nem pegajosa, gosto de dar e receber carinho. Adoro sexo, quando me apaixono, assumo o quarto estado da matéria - a euforia - e me transfiguro, viro a pessoa mais bonita e feliz do mundo. Tenho uma gata muito querida que nunca atacou ninguém. Minha orientação política é de esquerda, mas não tenho problema algum de ouvir bons e fundados argumento contra as minhas posições. Sei cozinhar muito bem, escolher vinhos, faço sobremesas deliciosas.

Agora a pergunta: Por que diabos é a 505ª noite seguida que eu acordo sozinha?!

sábado, março 01, 2003

Enquete

A Helena disse que o meu sofá novo parece meio Hebe (blergh!).
Parece?
Se parece, vou mandar djhá pro espaçooooooooo.
Deixem seus comments.
Gostaram do sofá?