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segunda-feira, dezembro 30, 2002

Volto na quinta. Beijos em todos. O texto aí embaixo é uma das coisas mais lindas que já li. Espero que gostem.
FELIZ 2003




Feliz Ano Novo aos que tiveram perdas no ano velho e ainda assim recolhem pedras em suas aljavas. Aos colecionadores de afetos que jamais permitem que suas lagartas se transmutem em borboletas. Aos cínicos repletos de palavras sem raízes no coração.
Feliz Ano Novo às bordadeiras de emoções, que gastam a vida desfiando intrigas e agulhando a boa fama alheia. Aos cépticos desprovidos de horizontes e aos que debruçam sobre a própria solidão para contemplar abismos. Aos ressuscitadores de desgraças, aos que se escondem em seus sapatos e aos idólatras que cultuam os poderosos.
Feliz Ano Novo aos que asfixiam a criança de si e aos que se fantasiam de palhaço para camuflar tristezas. Aos que gastam a vida contando dinheiro, sempre em débito com o amor. Aos que acumulam bens e desperdiçam virtudes, ajuntam poder e semeiam mágoas, galgam a fama e pisam em sentimentos.
Feliz Ano Novo aos sonegadores de esperança e aos que crêem apenas nos valores da Bolsa. Aos mancos de bondade, cegos de utopia, ébrios de ambições e medrosos perante a ousadia de viver. Aos que têm asas e não sabem voar, são águias e ciscam como galinhas, guardam em si um tigre e miam como gatos.
Feliz Ano Novo aos que se agasalham com gelos e jamais dão ouvidos à sabedoria do fogo.
Aos que alugam a própria dignidade e se revestem da ideologia do consenso. Aos que escondem montanhas debaixo da cama, congelam estrelas no bolso e torcem o arco-íris até sangrar.
Feliz Ano Novo aos que exibem no pedestal de sua mente o próprio corpo, jejuam por razões estéticas e mendigam aos olhos alheios a moeda falsa da admiração convencional. Aos que ficam inebriados diante da paisagem televisiva e, como Carolina, vêem o mundo passar pela janela. Aos que proferem palavras furtivas, segredam mentiras, sonham com elefantes de papel e tentam fugir da própria sombra.
Feliz Ano Novo aos voluntários da servidão, aos que amam amar amores e desamores alheios e nunca experimentam o êxtase de uma paixão inefável. Aos crentes desprovidos de fé, aos políticos vazios de senso cívico, aos democratas que engraxam botas e dormem ao som de cometas.
Feliz Ano Novo aos fazem de seus dias tijolos de catedrais escuras, navegam em pingo d'água e jamais perdem tempo com uma criança. Aos que cimentam árvores, fazem pontaria em orquídeas e pintam o verde de marrom. Aos que jamais escutam o silêncio, vociferam palavras sem nexo e tratam seus semelhantes como os motoristas reclamam dos buracos na estrada.
Feliz Ano Novo aos que cercam suas almas com arame farpado, abrem com foices seus caminhos na vida e, ainda assim, não sabem que rumo tomar. Aos que traçam labirintos em seus mapas imaginários, enfeitam a vida com buquês de impropérios e rasgam o ventre da água com os seixos adormecidos no leito de seus rios.
Feliz Ano Novo aos que cavalgam em hipocampos de feltros grávidos de dinamites, multiplicam teorias para subtrair a prática e escondem o horizonte no fundo da gaveta.
Feliz Ano Novo aos que se julgam imortais, incensam a própria imagem e tocam címbalos aos cifrões que servem de prisão aos que estão terminantemente proibidos de tomar em mãos vazias de dinheiro, um prato de comida.
Feliz Ano Novo aos infelizes que fazem de suas vidas Lua minguante e se vestem com o escafandro de seus temores, afogados no sal de um oceano ressecado. Novos lhes sejam o ano e a vida, revertidos e revestidos de ensolaradas esperanças.
Frei Betto
Indicador Musical de Humor (IMH): Nós vamos invadir sua praia, Ultrage a Rigor (Não, não retardei. É comemoração por estar indo passar o Reveillón na praia)

Índice de Intolerância com a Burrice Alheia (INIBA): 2%
Viver de renda - Que coisa isso de ter que trabalhar dia 30! Um dia ainda vou viver de renda. Nem que seja a das calcinhas!



Possivelmente essa é a única renda garantida no futuro da Ticia. Não é das piores, né mesmo?

sexta-feira, dezembro 27, 2002

Escrito nas Estrelas - Fui assistir ao filme Escrito nas Estrelas (Serendipity), já que estava a fins de ver um filme com selo de garantia ABIC de final feliz. O filme é sobre acasos e conspirações do destino. Aos 10 min de filme, comecei a pensar que deveria estar ali com um cara que conheci há três semanas, já que o filme tinha tudo a ver. Comecei a lamentar por estar sentada ali sozinha, por não ter esperado para assistirmos juntos. Então deu um crepe no filme. Não tinha mais som nenhum. Apesar de tentarem de várias formas, não teve jeito. Tive vontade de levantar e revelar à platéia furiosa que tinha sido eu que tinha estragado a sessão. Achei melhor ficar quieta e evitar de levar uma surra. Devolveram o ingresso. Não preciso nem dizer que agora eu só entro lá acompanhada, preciso?



Em cartaz em um cinema perto de você!

quinta-feira, dezembro 26, 2002



Para sempre a música "Por toda a minha Vida" com a Elis vai me trazer de volta a imagem do balet de Lydia diante do touro.

IMH: Por Toda a Minha Vida, Elis
INIBA: 3%


Tem coisas que a gente não esquece...


Ainda o Natal - Meu Natal foi o melhor dos últimos anos. Fazia tempos que eu não me sentia tão próxima daqueles que amo. Não tinha nenhum chato inconveniente, nenhum bola murcha. Tava dez. Sentir aquele calorzinho gostoso no estômago a cada abraço foi o melhor presente que eu poderia esperar.
Para completar, reencontrei o meu primeiro namorado, se é que dá para chamar assim. Fomos "namorados" dos 10 aos 13 anos. Foi com ele o meu primeiro beijo (o primeiro beijo dele também) e o meu primeiro presente de dia dos namorados (um disco do RPM - em vinil, claro - flores e uma caixa de bomobom - se puxou, né?) Foi muito engraçado lembrar dessas coisas. Nos abraçamos novamente depois de 16 anos e ainda sobra um monte de carinho. Ele mudou pouco. Apesar de ter se tornado um homem lindo, não perdeu o sorriso de menino.
Nessas horas dá um orgulho imenso do que eu já vivi.



Eu já pertenci à discoteca da Ticia! Juro!

segunda-feira, dezembro 23, 2002

Um Natal de amor a todos.


Estarei em Pelotas brincando de Papai Noel até dia 25. Dia 26 volto a dar notícias. Aguardem o grandioso relatório de presentes.
Natal - Faz tempo que não morro mais de amores pelo Natal. Nada muito importante aconteceu, mas acho que aos poucos fui me contaminando com a filosofia bola murcha, que não vê graça em nada. Devia ter me mantido fiel à doutrina da D.Nininha, que ama Natal, 1º do Ano (pra ela reveillón é uma coisa impensável), aniversário. É só falar nestas coisas que ela imediatamente esfrega as mãos vigorosamente, os olhos brilham e ela sai lascando, feliz da vida: "-Vamos combinar?"
Pra ela o melhor da festa são os preparativos, decidir o que vai ter para comer, beber, enfeitar. Quem vem, quem não vem, quem vai ser intimado a vir. O
Natal na casa da Vó Nininha começava mais de mês antes e acontecia em etapas. Primeiro A Grande Faxina, da qual eu, que morava em outra cidade com meus pais, não participava. Depois, quando a casa estava impecável, os enfeites de Natal. O presépio era o maior barato. O campo de futebol de botão do meu tio (avô) Zé (falecido há um ano e meio) era coberto de serragem tingida de verde e virava a base do presépio. Tinha de tudo: de lago feito de espelho a pastores, reis, etc. A árvore de Natal (a mesma há 25 anos) prateada trazia, e traz até hoje, no topo, em vez de estrela, um anjinho cor de rosa, cabeça de isopor, que eu fiz quando estava no Pré.
A etapa seguinte era a do dia 23 e consistia em empacotar os presentes. Isso era o que eu mais gostava. Minhas atribuições evoluíram em proporção direta com a minha coordenação motora. Primeiro eu cortava os pedacinhos de durex; por fim, já embrulhava alguns dos presentes. Adoro fazer isso até hoje. Os meus pacotes são sempre os mais cheios de fru-frus.
No dia 23 à noite e 24 o dia todo era a hora de preparar a comilança. Nada de encomendar salgadinhos e tortas. Tudo feito em casa. Uma trabalheira sem tamanho. A cozinha virava uma estufa. O melhor cheiro de que tenho notícia.
Hoje a D.Nininha também já não tem o mesmo entusiasmo. Mas o caso dela não é de contaminação pelo vírus bola murcha. É que ninguém divide mais a alegria dos preparativos. Firmei o propósito de comemorar o Natal como antigamente e um mês antes vou pra Pelotas armar presépio e árvore. Chega de ser bola murcha. O DNA da D.Nininha é muito legal para ser encoberto por uma sem-gracice besta. Vamos fazer um Natal como os de antigamente, no ano que eu completo 30 e ela completa 80.

Indicador Musical de Humor (IMH): King of Pain, Police
Índice de Intolerância à Burrice Alheia (INIBA): 89% (Dei uma voltinha no centro pra comprar os últimos presentes de Natal...)

sexta-feira, dezembro 20, 2002

Sorte - Sou uma pessoa de sorte, sim. Muita. Meus amigos não enchem uma mão, mas são do tipo descrito aí embaixo. Sei que se eu ficasse em coma (tipo Fale com Ela) por anos a fio, eles se revezariam apara me dar banho, limpar meus cocôs, fazer massagem, cuidar do meu cabelo, fazer as minhas unhas. Não me abandonariam se eu tivesse AIDS, esquizofrenia, câncer linfático. Nem mesmo se eu casasse com o Carlinhos Brown. Se eu ficasse milionária, não teria medo de colocá-los como meus procuradores com amplos poderes para cuidar do meu patrimônio, enquanto eu descanso no Tahiti. São de fé. Sou uma pessoa de sorte.
O que é um amigo?

Quantos amigos você tem? 10? 15?
Quantas pessoas você tem certeza de que estarão ao seu lado quando tudo tiver dado errado? Quantas comemorarão ao teu lado, sinceramente felizes pelo teu sucesso, ainda que a vida delas não esteja tão bem quanto a sua? Para quantas pessoas você deseja somente o bem, o melhor, ainda que elas se sobressaiam mais que você?

Quantos amigos você tem? 7? 8?
Para quantas pessoas você é capaz de falar pessoalmente e tecer críticas construtivas quando você vê que elas erraram em vez de comentar com os outros as falhas que elas cometeram? Quantas pessoas você é capaz de defender das observações maldosas dos outros sem aderir às críticas? Com quantas pessoas você é capaz de conversar, ouvir, se abrir, sem competir, sem atacar, sem se defender?

Quantos amigos você tem? 3? 4?
Para quantas pessoas você conta suas fragilidades sem medo delas serem usadas contra você? Para quantas pessoas você pode ligar no meio da madrugada e pedir carinho, perdão, conselhos? Por quantas pessoas você faria qualquer sacrifício sem que isso lhe doesse na alma, sem que isso se impusesse como obrigação?

Quantos amigos você tem? Um?
Parabéns. Você é uma pessoa de muita sorte.



Viram o filme? Somente Elas (Boys on the Side). Fala de amizade, como eu acho que amizade deve ser.

Indicador Musical de Humor (IMH): O Tempo não Pára, Cazuza
Índice de Intolerância com a Burrice Alheia (INIBA): 65%

Não resisti. Parece o meu pai.

quinta-feira, dezembro 19, 2002

Carros que voam - Minha amiga CatiaFabi (não, nada a ver com a Cátia Flávia, Godiva do Irajá) mandou este texto. Gostei muito. Combina com final de ano e com aquele balanço básico que a gente faz das coisas importantes que foram ficando pelo caminho.

O carro voador

Ela dizia que seu carro podia voar. E nós
acreditávamos. No banco de trás, pulando e gritando
euforicamente, esperávamos pela decolagem – que,
naturalmente, nunca aconteceu. Mas isso não importava.

Nunca ter levantado vôo enquanto o automóvel de minha
mãe ganhava velocidade pelas avenidas paulistanas não
chegou a tirar a diversão da brincadeira. Fato é que
meus irmãos e eu não duvidávamos da capacidade
supersônica do carro, o único no mundo, garantia minha
mãe, equipado com um mecanismo que, uma vez acionado,
faria com que as rodas saíssem do chão. Ela mostrava o
dispositivo, que ficava bem embaixo da direção, ao
alcance da mão esquerda do motorista. A alavanca
estava lá, podíamos ver. Minha mãe não mentia. Era
mesmo pura falta de sorte que os sinais fechassem ou
que um carro mais lento entrasse na nossa frente
sempre que o TL azul calcinha ganhava aceleração. Mas
a matriarca era incansável. Tendo uma oportunidade, ou
alguns metros de pista a sua frente, dava o comando;
ia tentar decolar. E nós começavamos a pular, bêbados
da mais pura euforia – a infantil.

Semana passada andei de carro com minha mãe novamente.
Dessa vez, era eu ao volante. Dessa vez, o carro era
meu e não dela. Dessa vez, mal nos falávamos. Olhei
para o lado, vi a fisionomia envelhecida da genitora e
lembrei do TL azul calcinha. Lembrei da algazarra sem
fim que meus irmão e eu fazíamos no banco de trás.
Lembrei da segurança imponente que minha mãe nos
passava, controlando o carro com majestade, fazendo
com que nós nos sentíssemos seguros e protegidos, a
ponto de não termos medo de voar. Mas, dessa vez, a
indefesa era ela. Dessa vez, quem precisava se sentir
protegida era ela, não eu.

O momento era inadequado

Quase trinta anos se passaram, minhas irmãs casaram,
meu irmão era médico, e para mim ela não olhava havia
alguns invernos, desde que anunciei que era gay. Olhei
para a frente e vi as pistas da 23 de maio, uma das
avenidas mais movimentadas de São Paulo, vazias – tipo
de fenômeno que só ocorre entre 3 e 5 da manhã na
capital paulistana. Eram cinco da manhã. Pensei em
dizer que ia tentar decolar. Mas não achei que ela
fosse entender, ou lembrar, muito menos rir. Pensando
bem, o momento era inadequado. Estávamos a caminho do
Aeroporto de Congonhas e eu precisava colocar minha
mãe no primeiro vôo para o Rio. Há poucas horas, minha
avó tinha sido internada na UTI de um hospital carioca
(a Nonna, a que nunca havia ficado doente). Os médicos
não davam muita esperança.

Tentei imaginar o que eu estaria sentindo se soubesse
que estava indo me despedir dela, minha mãe, a pessoa
que me colocou no mundo, que me deu colo, que ficou ao
meu lado quando tive febre, que acordava junto comigo
para cortar e colocar açúcar no mamão que eu gostava
de comer no café-da-manhã, antes de ir para a aula.
Senti um pouco da dor que ela devia estar sentindo
naquele momento. Olhei mais uma vez para o lado e vi
minha mãe, cabelos brancos, expressão sofrida. Tentei
imaginar de onde ela tirava forças quando éramos
pequenos para ser tão divertida, tão cúmplice.

Naquela manhã, a caminho do aeroporto, no comando do
carro e mais velha do que minha mãe era quando dizia
que ia fazer o TL decolar, admirei profundamente a
capacidade dela de ter sido tão criança mesmo sendo
responsável por quatro outras vidas. Crescemos,
mudamos, brigamos – envelhecemos. Olhei para a frente
e vi as pistas da 23 de maio vazias. Olhei para o lado
e vi minha mãe – indefesa, expressão funda, dor
estocada, seriedade senil.

Comecei a acelerar pelas faixas livres da avenida
enorme.

Vou tentar decolar, anunciei.

Pela primeira vez em muitos anos, minha mãe olhou para
mim. E sorriu.

*A carioca Milly Lacombe, 35 anos, é jornalista. Seu
e-mail: millylacombe22@aol.com

quarta-feira, dezembro 18, 2002

Cheiros - Provocada pelo Mikahil, lembrei de como eu sou cheirólotra. Tudo e todos, para mim, antes de mais nada, têm cheiro. Nunca simpatizaria com alguém cujo cheiro não me agrada. Nunca permaneceria em lugar algum que tivesse cheiro desagradável (a menos que fosse obrigada, claro).
Para vocês terem uma idéia, se estou com o nariz congestionado, namorar é algo fora de questão.
Lembrei agora que Natal pra mim ainda tem o cheiro da cera em pasta que a minha vó usava no assoalho (!) da casa dela em Pelotas. Nós chegávamos para passar as festas com ela e a casa tava toda limpinha, esperando a gente.
Indicador Musical de Humor (IMH): Só Tinha de Ser com Você (Elis &Tom)
Índice de Intolerância com a Burrice Alheia (INIBA): 8% (subindo...)


"-A gente resolveu dar uma canja aqui do céu, para colaborar com a trilha sonora da vida da Ticia. Nós gostamos muito dela."
2003 - Tenho já o meu pedido feito para o ano novo. Quero muitos frios na barriga. É, isso mesmo: frios na barriga. Quero frio na barriga de apreensão por ainda não saber se um plano deu certo, frio na barriga por não saber se ele vai ligar. Frio na barriga porque ele ligou e vamos nos encontrar logo. Frio na barriga por começar um trabalho novo e dasafiador. Frio na barriga porque aprontei um trabalho e quero ver se vão gostar. Frio na barriga ao desembarcar numa cidade de que gosto. Frio na barriga pela expectativa diante das realizações dos meus amigos. Frio na barriga diante de duas opções. Frio na barriga ao olhar dentro dos olhos de alguém. Frio na barriga pelas responsabilidades que hão de vir. Frio na barrriga por ouvir que alguém que eu amo me ama também. Isso. Muitos frios na barriga. O melhor combustível do mundo.



E aí, já encomendou seu frio na barriga pra 2003?

terça-feira, dezembro 17, 2002

Futilidades - Não, não ando fútil. Só estou feliz. E mulher é assim: tá deprê, vai ao shopping; tá feliz, vai ao shopping. No primeiro caso, pra comprar uma roupinha legal e se sentir melhor; no segundo, para fazer uma super produção arrasante compatível com seu estado de espírito. O meu agora seria uma combinação de Escola de Samba Joãozinho Trinta, Star Wars George Lucas e Qualquer Coisa James Cameron (I'm the queen of the woooorrrllllddd!)
Sim, eu sei, isso dá e passa. Mas deixa eu aproveitar a minha fase maníaca enquanto a depressiva não vem.
Estilo - Gentem, nasci pra isso. Acho que deveria largar o Direito e me dedicar à carreira de personal styler. Já pensou que delícia fazer compras com o dinheiro dos outros e deixar o mundo menos brega?



"-Nossa, Ticia, pelamordedeus, aceita ser minha personal styler!!"
IMH : Balada do Amor Inabalável, Skank
INIBA: 6%

Sintomas - Nunca meu INIBA esteve tão baixo tantos dias seguidos.
Ah, claro, a cútis está melhor também.

segunda-feira, dezembro 16, 2002

Indicador Musical de Humor (IMH): Todo Amor que Houver Nessa Vida, Cássia Eller Acústico (CAPTARAM, NÉ?)

"Eu quero a sorte de um amor tranqüilo, com sabor de fruta mordida
Nós, na batida, no embalo da rede, matando a sede na saliva
Ser teu pão, ser tua comida, todo amor que houver nessa vida
E algum trocado pra dar garantia

E ser artista no nosso convívio pelo inferno e céu de todo dia
Pra poesia que a gente não vive transformar o tédio em melodia
Ser teu pão, ser tua comida, todo amor que houver nessa vida
E algum veneno anti monotonia

E se eu achar a sua fonte escondida, te alcanço em cheio o mel e a ferida
E o corpo inteiro como um furacão: boca, nuca, mão e a tua mente, não
Ser teu pão, ser tua comida, todo amor que houver nessa vida
E algum remédio que me dê alegria

Índice de Intolerância com a Burrice Alheia (INIBA): 0% (MAS NÃO ABUSEM!)
Redenção à pedidos



Para quem não conhece, este é o Parque Farroupilha, também conhecido como "Redenção". Fica a 2 quadras do meu apê (morram de inveja!!) e é uma coisa linda. A Cidade Baixa e o Bom Fim, os similares porto-alegrenses do Quartier Latin e Marais de Paris, são separados, ou unidos, conforme a preferência do freguês, pela "Redença". Depois de morar na Cidade Baixa, fico pré-disposta a não me adaptar a nenhum outro lugar do mundo.

Nada mais Porto Alegre que este poeta alegretense que se apaixonou pela cidade deitada às margens do Guaíba. Faço minha sua declaração de amor:

O MAPA
(Mário Quintana)

Olho o mapa da cidade
Como quem examinasse
A anatomia de um corpo...
(É nem que fosse meu corpo!)
Sinto uma dor esquisita
Das ruas de Porto Alegre
Onde jamais passarei...
Há tanta esquina esquisita
Tanta nuança de paredes
Há tanta moça bonita
Nas ruas que não andei
(E há uma rua encantada Que nem em sonhos sonhei...)
Quando eu for, um dia desses,
Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,
Serei um pouco do nada Invisível, delicioso
Que faz com que o teu ar
Pareça mais um olhar
Suave mistério amoroso
Cidade de meu andar (Deste já tão longo andar!)
E talvez de meu repouso...


Gente, tô pretérita(como diria Manny)!!
Um dia de sol desses, lindo, cintilante, estonteante e eu aqui presa na gaiola de concreto!!



É linda a minha cidade, não é?!
Domingo Juscelino - Meu domingo foi absolutamente insano. No bom e no mal sentido. Foi um século em um dia, tipo era Juscelino (50 anos em 5).


JK : "- Sim, pegue ficha aí ao lado para falar com a Tícia"

sexta-feira, dezembro 13, 2002

Gentem, não é que é SEXTA FEIRA 13??
Definitivamente, é meu dia de sorte.


Esta é a Norah Jones. "Desculpe, pessoal. Não tenho culpa de ser linda, ter uma voz inacreditável e ser uma pianista talentosa. Papai do céu é que quem quis assim..."
IMH: Come away with me, Norah Jones (Segue a letra da música. Para quem quiser, tem MP3 na página da moça).

Come away with me in the night
Come away with me
And I will write you a song

Come away with me on a bus
Come away where they can't tempt us
With their lies

I want to walk with you
On a cloudy day
In fields where the yellow grass grows knee-high
So won't you try to come

Come away with me and we'll kiss
On a mountaintop
Come away with me
And I'll never stop loving you

And I want to wake up with the rain
Falling on a tin roof
While I'm safe there in your arms
So all I ask is for you
To come away with me in the night
Come away with me

INIBA: não registramos sinais perceptíveis de intolerância

quinta-feira, dezembro 12, 2002

Indicador Musical de Humor(IMH): Elevation, U2
Índice de Intolerância com a Burrice Alheia (INIBA): 5%, caindo...
And so you came

And so you came,
Walking through the rain
Slightly by the day
A moonlight dressed in blue
Brown eyes wide opened
Little smile always hoping
A certain word unspoken.

And then I’ve gone
Right after you
Searching for more of this light unknown
Wanting more of you to say
Wondering if you’d let me stay.

quarta-feira, dezembro 11, 2002

Indicador Musical de Humor: Beautiful Day, U2 (Sim, crianças, estou irrefreavelmente feliz!!!)
Índice de Intolerância com a Burrice Alheia: 1,5% (Nossa! Que amor que eu tô hoje!!)

segunda-feira, dezembro 09, 2002

Conversas entre as cobras (LFV)

- Essa coisa de tudo no universo ser transitório me dá uma angústia!
- É mesmo?
-É, mas já passou.
Indicador Musical de Humor: Trilha Sonora de High Fidelity
Índice de Intolerância com a Burrice Alheia: 3%

domingo, dezembro 08, 2002

Bukowski- "nenhuma dor significa o fim da sensibilidade; cada uma de nossas alegrias é uma barganha com o diabo."

Será que é mesmo assim, que para cada alegria a gente sabe que tem uma dor em troca? Cada vez acredito mais nisso. Não como uma coisa ruim. Os limites são sempre mais interessantes e nos fazem sentir mais vivos. Há quem se permita viver grandes alegrias, sem medo das grandes dores em vez de diminuir o espectro e ir vivendo aos goles comedidos. Espero não deixar de ser corajosa nas barganhas.
Mentira - Pouco tempo para escrever em um domingo que parece de mentira.

sexta-feira, dezembro 06, 2002



Você já foi a Praga, nêga? Não? Então vá!
Uma mensagem imperial
KAFKA
O imperador – assim dizem – enviou a ti, súdito solitário e lastimável, sombra oimperador enviou, do leito de morte, uma mensagem. Fez ajoelhar-se o mensageiro ao pé da cama e sussurrou-lhe a mensagem no ouvido; tão importante lhe parecia, que mandou repeti-la em seu próprio ouvido. Assentindo com a cabeça, confirmou a exatidão das palavras. E, diante da turba reunida para assistir à sua morte – haviam derrubado todas as paredes impeditivas, e na escadaria em curva ampla e elevada, dispostos em círculo,
estavam os grandes do império –, diante de todos, despachou o mensageiro. De pronto, este se pôs em marcha, homem vigoroso, incansável. Estendendo ora um braço, ora outro, abre passagem em meio à multidão; quando encontra obstáculo, aponta no peito a insígnia do sol; avança facilmente, como ninguém. Mas a multidão é enorme; suas moradas não têm fim. Fosse livre o terreno, como voaria, breve ouvirias na porta o golpe magnífico de seu punho. Mas, ao contrário, esforça-se inutilmente; comprime-se nos aposentos do palácio central; jamais conseguirá atravessá-los; e se conseguisse, de nada valeria; precisaria empenhar-se em descer as escadas; e se as vencesse, de nada valeria; teria que percorrer os pátios; e depois dos pátios, o segundo palácio circundante; e novamente escadas e pátios; e mais outro palácio; e assim por milênios; e quando finalmente escapasse pelo último portão – mas
isto nunca, nunca poderia acontecer – chegaria apenas à capital, o centro do mundo, onde se acumula a prodigiosa escória. Ninguém consegue passar por aí, muito menos com a mensagem de um morto. Mas, sentado à janela, tu a imaginas, enquanto a noite cai.
(De Um Médico Rural) Tradução: Lúcia Nagib


Indicador Musical de Humor (IMH): Indigo Girls, Closer to Fine
Índice de Intolerância com a Burrice Alheia (INIBA): 65%

quinta-feira, dezembro 05, 2002

E depois? A gente aperta a tecla FODA-SE.
As faltas improváveis - A falta que me fazes não é a do teu sexo de afundando em minhas carnes, de tuas mãos enredando os meus cabelos, dos teus fluidos secando entre meus pelos. Sinto falta do teu sorriso largo a contra-gosto, porque não gostas de mostrar contentamento, das brincadeiras infantis que nem tu te sonhavas capaz, dos segredos compartilhados no meio das banalidades do dia. Aí é onde me encontro única na tua vida. Disso é que sinto falta. Nisso me fazes feliz inteira.
IMH: Kate Bush, Sensual World
INIBA: 87%
Verme - Mikhail, seu verme, onde estão os seus comentários? Não me amas mais?

quarta-feira, dezembro 04, 2002

************
Aviso de Utilidade Pública - Informo, a quem interessar possa, que o meu IMH de hoje mudou para Zeca Baleiro, Petshop Mundo Cão. Como diria Zeca, meu pajé, tô com vontade de mandar flores pro delegado, de bater na porta do vizinho e desejar bom dia, de abraçar o português da padaria.
Por mim pode chover cântaros, canivete, sapo (como no filme Magnolia), cachorro raivoso, até água. Não me importo. Aliás, hoje eu só me exporto. De preferência para Júpiter ou Marte, para ver como é a primavera por lá. Quem sabe o meu IMH devesse ser Fly me to the Moon, com Old Blue Eyes ? Parece assaz adequado. É isso. Nóis sofre mais nóis goza. Fui. Hoje só amanhã. Que eu vou pingar meu colírio alucinógeno.
Um beijo - Não conheço melhor descrição de um beijo apaixonado que esta aí embaixo. Passei muito tempo tentando traduzir o que se sente nessa hora, aquele misto de falta de nada, morte, vida, fúria, ânsia, parece que vai morrer e depois parece que a gente vai nascer, mais uma vez, ressucitar.
Nasci pra ser um animal sentimental, como diria Renato. Tem o lado positivo e o negativo, claro.
Do Desejo
(Hilda Hilst)


Colada à tua boca a minha desordem.
O meu vasto querer.
O incompossível se fazendo ordem.
Colada à tua boca, mas descomedida
Árdua
Construtor de ilusões examino-te sôfrega
Como se fosses morrer colado à minha boca.
Como se fosse nascer
E tu fosses o dia magnânimo
Eu te sorvo extremada à luz do amanhecer.

( Do Desejo - 1992)
Indicador Musical de Humor (IMH): Sarah Vaughan canta Beatles
Índice de Intolerância com a Burrice Alheia (INIBA): 38%

segunda-feira, dezembro 02, 2002

Quebra-cabeças - acho que a pessoa certa pra gente é como uma peça mutante que encaixa no último espaço que resta, também mutante. Em cada momento da vida nossas lacunas e nossas sobras, nossas garras e golfos, nossos côncavos e nossos convexos são diferentes, somos seres mutantes. Para cada momento, uma peça de quebra-cabeças diferente encaixa. Pode ter estado lá, bem ao lado da nossa paisagem polar inacabada, e nunca ter encaixado antes e um dia passa a ser a peça perfeita. Pode ter tido quase tudo para encaixar (sobrava uma arestinha de nada) e de repente, não encaixar mais em hipótese alguma. Pode ter encaixado sempre e continuar preenchendo todos os espaços, que vão se modificando e podemos nunca ter a sorte de achar a peça certa no momento certo. O divertido é tentar terminar de montar um quebra-cabeças infinito.